Uma vacina inédita, feita a partir do extrato de ácaros domésticos (Dermatophagoides pteronyssinus) encontrados na poeira, pode ser a solução para um sério problema de saúde: a dermatite atópica, doença inflamatória crônica que provoca coceira e lesões na pele.
Publicado em novembro do ano passado no The Journal of Allergy and Clinical Immunology, o estudo foi conduzido por pesquisadores da USP Ribeirão Preto e envolveu 91 pacientes.
Não contagiosa e de causa exata ainda desconhecida, a dermatite atópica (DA) é uma doença inflamatória crônica da pele que se caracteriza por lesões eczematosas e coceira intensa. A doença costuma ocorrer entre membros de uma mesma família, tem um impacto importante nas atividades diárias e na qualidade de vida dos pacientes, e pode surgir ou ser provocada por substâncias, condições ambientais ou mesmo emoções.
Como foi feita a vacina brasileira contra dermatite atópica?
Fonte: IPI Asac Brasil/Divulgação.Fonte: https://ipibrasil.com.br/wp-content/uploads/2021/11/imunoterapia-subilingual.jpg
A imunização utilizou a técnica de imunoterapia sublingual (SLIT) feita com alérgenos, no caso extratos de ácaros encontrados na poeira de casa, cuja aplicação em gotas durante 18 meses mostrou-se eficaz na redução de sinais e sintomas. Esse tipo de terapia utiliza vacinas produzidas com os próprios agentes causadores da alergia em doses crescentes, para reduzir a sensibilização e induzir o paciente alérgico à tolerância das fontes irritantes.
Acompanhados pela médica Sarah Sella Langer, pós-graduanda na USP e primeira autora do artigo, o grupo de 66 pacientes recebeu placebo ou SLIT com extrato de ácaros de poeira, por três dias por semana, durante 18 meses. A pesquisa foi financiada com recursos do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).