Cientistas brasileiros criam plástico biodegradável e comestível

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Imagem: Hans/Pixabay.

A maioria das embalagens plásticas é fabricada a partir de fontes não renováveis e o lixo que você joga "fora" continua no planeta. Esse é um dos grandes problemas ambientais do século XXI, já que o produto leva, em média, 450 anos para se decompor, segundo dados da Fiocruz. Pensando nisso, o Grupo de Compósitos e Nanocompósitos Híbridos (GCNH) do Departamento de Física e Química da Universidade Estadual Paulista (Unesp) criou um bioplástico à base de gelatina.

O estudo foi divulgado recentemente na revista científica Polymers. Segundo notícia da Agência FAPESP, da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, que apoiou o projeto, para fabricar o “plástico verde”, o grupo utilizou como matéria-prima principal a gelatina incolor do tipo B, extraída do tutano de boi — a mesma que é comercializada em supermercados.

“A gelatina foi um dos primeiros materiais usados na produção de biopolímeros e continua sendo muito empregada devido à sua abundância, baixo custo e excelentes propriedades para a formação de filmes”, afirmou à agência a química Márcia Regina de Moura Aouada, professora da Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira (Feis-Unesp) e coordenadora do estudo.

O pulo do gato

Processo de produção do filme plástico exemplificadoProcesso de produção do filme plástico exemplificadoFonte:  Revista Polymers/CC/Reprodução. 

Segundo a pesquisadora, embalagens à base de biopolímeros são consideradas menos resistentes às obtidas a partir do petróleo, especialmente no que se refere às propriedades mecânicas e de barreira a vapores. Para resolver o problema, o grupo adicionou à gelatina a argila cloisita Na+.

Com a adição da argila, foi obtido um filme mais homogêneo e capaz de suportar mais que o dobro da tração suportada por plásticos convencionais à base de polietileno.

A equipe também acrescentou ao plástico uma nanoemulsão de óleo essencial de pimenta-preta para tornar a embalagem comestível mais atraente, além de estender a vida útil do alimento embalado com a adição de componentes antimicrobianos e antioxidantes.

O produto foi criado inicialmente para embalar carnes, mas a equipe acredita que a inclusão desse tipo de embalagem no mercado pode diminuir o uso de pacotes à base de polímeros não biodegradáveis, evitando o acúmulo de resíduos sólidos e ainda aumentando a segurança dos alimentos embalados em relação à contaminação por patógenos.

ARTIGO Polymers: doi.org/10.3390/polym13244298

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