Uma iniciativa internacional de pesquisadores anunciou, na quinta-feira (3), a descoberta de uma variante altamente agressiva e transmissível do vírus HIV na Holanda. Segundo a equipe de cientistas, liderada pela Universidade de Oxford do Reino Unido, a cepa mutante já circulava pelo país desde os anos 1990. As análises de sequências genéticas indicam que se trata de uma nova mutação e não de uma recombinação entre vírus.
Publicado na revista Science, o estudo teve como base uma análise com 109 pacientes infectados com a nova variante. O que se percebeu foi um aumento de 3,5 a 5,5 vezes mais partículas virais no sangue, o que torna os portadores mais propensos a transmitir o vírus. Outra constatação foi uma redução das células imunes T CD4+, que são os principais alvos do vírus causador da Aids.
Embora seja "uma razão para ficarmos vigilantes", como diz o estudo, os autores não consideram que a variante seja capaz de causar uma crise de saúde pública. Primeiramente, pela via de transmissão do vírus, a sexual, que faz com que a evolução seja mais lenta do que a do coronavírus, por exemplo, que é transmitida por gotas de saliva ou aerossóis. Além disso, as novas mutações não tornaram a variante mais resistente à terapia antirretroviral.
Conclusões sobre a nova variante do HIV
Fonte: fernandozhiminaicela/Pixabay/PixabayFonte: fernandozhiminaicela/Pixabay
Chamada de VB, por ser uma variante do subtipo B do HIV, a nova cepa foi detectada no âmbito de um projeto de vigilância virológica chamado BEEHIVE, que monitora países da Europa e Uganda. A VB foi encontrada inicialmente em 17 pacientes, mas foi na Holanda, país que vem guardando sequências e amostras do vírus há três décadas, que os demais 92 infectados foram descobertos.
Entre os achados da pesquisa está uma certeza de que nem sempre os vírus evoluem para formas mais brandas, como muitos querem fazer crer com o que está ocorrendo atualmente com a variante ômicron do SARS-CoV-2. Como as infecções por covid-19 com a nova cepa têm causado sintomas mais leves, isso bastou para alimentar uma afirmação falsa de que o vírus, com o tempo, vai se tornando menos mortal.
ARTIGO Science: doi.org/10.1126/science.abk1688