Um estudo da Universidade de Cornell concluiu que peixes se comunicam por meio de sons com uma frequência muito maior do que se imaginava. Tal forma de comunicação era percebida como raridade, mas a análise mostrou que é tão importante que evoluiu de forma independente ao menos 33 vezes ao longo de milhões de anos.
Os cientistas analisaram peixes com barbatanas raiadas, vertebrados que correspondem a 99% das mais de 34 mil espécies conhecidas do animal, e encontraram fortes evidências da comunicação sonora em 175 das 470 famílias estudadas. O fenômeno estaria presente em algumas espécies há mais de 155 milhões de anos.
Publicado no dia 20 de janeiro na revista científica Ichthyology & Herpetology, o estudo também envolveu cientistas da Universidade Howard e da Universidade de Boston, nos Estados Unidos.
Ao divulgar o estudo, os biólogos incluíram amostras de sons emitidos pelos peixes, disponíveis na Macaulay Library. As gravações incluem também falas dos pesquisadores, descrevendo os registros. Você pode escutá-las clicando nos links abaixo:
- Sons do Pagonias cromis, por Donald Batz
- Sons do Opsanus tau, por William Tavolga
- Sons do Holocentrus rufus, por Howard Winn
- Sons do Porichthys notatus, por Andrew Bass
Opsanus beta, um dos peixes cujos sons emitidos estão disponíveis na Macaulay Library.Fonte: PHOTO: Gulf toadfish by Aaron Rice.
“Graças a décadas de pesquisa básica sobre as relações evolutivas dos peixes, podemos agora explorar muitas questões sobre como diferentes funções e comportamentos evoluíram”, afirma William E. Bemis, professor de ecologia e biologia evolutiva da Cornell e coautor do estudo.
A investigação aproveitou o conhecimento científico já consolidado, incluindo gravações e artigos científicos descrevendo os sons emitidos por peixes, descrições da anatomia dos animais e referências na literatura do século 19, prévia à invenção dos microfones subaquáticos.
Aaron Rice, autor principal do estudo e pesquisador no Centro de Conservação Bioacústica K. Lisa Yang, no Laboratório de Ornitologia da Universidade de Cornell, afirma que os sons são especialmente voltados à atração de parceiros, defesa de fontes de alimento ou territórios, ou alertas sobre sua localização.
“Isto introduz a comunicação sonora a muito mais grupos do que jamais havíamos imaginado. Peixes fazem tudo. Eles respiram ar, eles voam, eles comem toda e qualquer coisa — neste ponto, nada me surpreenderia sobre os peixes e os sons que eles podem fazer”, concluiu o pesquisador.
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