O módulo lunar chinês Chang'E-5, presente na Lua desde o início de dezembro, detectou água na superfície do satélite pela primeira vez na história. Segundo a emissora estatal da China, CGTN, a espaçonave pousou em um depósito “jovem” de basaltos provenientes dos mares lunares, localizado em latitude médio-alta, e extraiu 1.731 gramas de amostras. O espectrômetro mineralógico lunar (LMS) detectou 120 partes por milhão (ppm) de água na amostra.
Esse teor de água é mensurado uma vez que a molécula de hidroxila é absorvida, a uma frequência de cerca de três micrômetros. O processo revelou, em outra rocha localizada próximo ao local, um teor de 180 ppm. Todos os resultados foram publicados na revista científica Science Advances, na sexta-feira (7).
Segundo a equipe de pesquisa liderada pelos professores Lin Yangting e Lin Honglei, do Instituto de Geologia e Geofísica da Academia Chinesa de Ciências (IGGCAS), a exploração feita in loco pela sonda Chang'E-5 revelou sinais de água em dados espectrais de refletância da superfície lunar. Os cientistas concluíram que o baixo teor do regolito sugere a desgaseificação do reservatório basáltico abaixo do local de pouso da espaçonave.
A busca de água na Lua
Fonte: Lin Honglei et al./Divulgação.Fonte: Lin Honglei et al.
Depois de várias missões terem detectado sinais de hidratação na superfície lunar no final dos anos 2000, a NASA confirmou, em outubro de 2020, a existência da molécula de água – H2O – em áreas da Lua iluminadas pelo sol. No entanto, a descoberta não foi registrada na Lua, mas a bordo de um Boeing 747SP que abriga o Observatório Estratosférico de Astronomia Infravermelha da NASA (SOFIA).
Até agora, a água nunca havia sido detectada diretamente na Lua por nenhum veículo nem sonda lunar, o que atesta o ineditismo da descoberta chinesa. Segundo os cientistas, a detecção in loco dos sinais de água na superfície lunar pela sonda Chang'E-5 fornece novas evidências à questão da ausência de água na Lua.
De acordo com os pesquisadores, o vento solar foi o responsável por uma maior "umidade" do solo lunar, pois trouxe o hidrogênio, que compõe a água. Para eles, a diferença de 60 ppm verificada entre as amostras de regolito e rocha pode ter origem no interior lunar, o que só pode ser atestado por uma sonda in loco, diz Lin Honglei.
ARTIGO Science Advances: doi.org/10.1126/sciadv.abl9174
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