Pesquisadores da Universidade de Chicago em Illinois (UIC) divulgaram em um comunicado na segunda-feira passada (3) que podem estar prestes a desenvolver um exame de sangue capaz de fornecer um biomarcador identificável e quantificável para a depressão. Além disso, a marca bioquímica é capaz de revelar a eficácia dos antidepressivos usados na terapia individual.
Por se tratar de uma prova de conceito, o estudo busca validar diversas pesquisas anteriores que identificaram, em humanos e modelos animais, a depressão como um fenômeno consistente com a redução da adenilil ciclase. Essa enzima, que fica dentro das células, é produzida em resposta a alguns neurotransmissores, como a serotonina e a epinefrina.
Mark Rasenick está desenvolvendo o teste de triagem da depressão. (Fonte: UIC/Divulgação.)Fonte: UIC
Construindo um teste de triagem da depressão
"Quando você está deprimido, a adenilil ciclase está baixa", explica o autor sênior do estudo, Mark Rasenick, professor de fisiologia, biofísica e psiquiatria da UIC. Ele explica que a redução da enzima é causada pela ausência de uma proteína intermediária – a Gs alfa –, que permite ao neurotransmissor produzir a adenilil ciclase. A Gs alfa fica às vezes agarrada em uma matriz de colesterol da membrana plasmática, chamada pelo pesquisador de "jangada lipídica".
Publicado neste mês na revista científica Molecular Psychiatry, do grupo Nature, o estudo “Um novo biomarcador periférico para depressão e resposta a antidepressivos” propõe a translocação da proteína Gs alfa, da "jangada lipídica" onde está presa, em direção a uma ativação mais fácil da adenilil ciclase. A hipótese é que esse seria um biomarcador para uma resposta clínica aos antidepressivos.
Dessa forma, conclui Rasenick no comunicado, “o que desenvolvemos é um teste que pode não apenas indicar a presença de depressão, mas também indicar a resposta terapêutica com um único biomarcador, e isso é algo que não existia até agora”. Nesse caso, um simples exame de sangue seria capaz de determinar se as terapias com antidepressivos estão ou não funcionando.
ARTIGO Molecular Psychiatry: doi.org/10.1038/s41380-021-01399-1