Está cientificamente demonstrado: quem acredita em desinformação relacionada à pandemia tem chances maiores de contrair o coronavírus.
Os perigos das notícias falsas e do negacionismo científico vêm sendo apontado desde o março de 2020 por cientistas, políticos e outras autoridades. Agora, um grupo de pesquisadores reuniu dados que comprovam aquilo que já se desconfiava.
Pessoas que acreditam em informações falsas tem maior probabilidade de contrair covid-19, diz estudo (Fonte: Pixabay/Surprising_Shots)Fonte: Pixabay
O estudo, conduzido nos Estados Unidos, contou com a participação de mais de dois mil voluntários. Todos completaram um questionário com 13 afirmações — verdadeiras e falsas — sobre o coronavírus.
“Alguns indivíduos que têm covid-19/o coronavírus não apresentam quaisquer sintomas”, afirmava uma declaração verdadeira, enquanto os itens falsos incluíam frases como “Pulverizar cloro no meu corpo me protegerá mesmo que a covid-19/o coronavírus já tenha entrado no meu organismo”.
Dados como percepção da pandemia, confiança no governo ou nos cientistas ou idealismo conspiratório também foram informados pelos voluntários.
Desinformação pode ser fatal
Quatro meses depois, 348 dos participantes declararam ter contraído covid-19, quando contactados pelos pesquisadores. Cruzando os dados, ficou evidente que as pessoas mais desinformadas foram as mais vulneráveis ao vírus.
Os resultados foram publicados na revista científica Scientific Reports, que pertence ao grupo Nature.
Participantes que confiavam no presidente Trump também foram associados a um maior número de casos. O ex-presidente dos Estados Unidos adotou uma notória posição negacionista e anti-científica durante seu mandato.
Os pesquisadores afirmam que essas correlações são mediadas pela desinformação. Segundo eles, as teorias conspiratórias, por exemplo, levam à desconfiança sobre as informações científicas corretas e faz com que as pessoas aumentem o comportamento de risco de contágio.
Informação científica salva vidas
"Por outro lado, análises adicionais revelaram que o conhecimento acurado foi o mecanismo primário de mediação do impacto de muitas outras crenças e características pessoais na probabilidade de contrair o vírus", diz ao blog PsyPost um dos autores do artigo, o professor Russell Fazio.
Pesquisador da Universidade do Estado de Ohio, Estados Unidos, Fazio afirma que indivíduos que dão mais credibilidade aos cientistas estão entre aqueles com menos riscos de adoecer de covid-19.
Para eles, a abordagem menos política e mais empática pode ser uma maneira eficaz de reduzir os casos e mortes pela pandemia. Os resultados mostram que mudanças no nível de informação tem efeitos na disseminação da doença.
“Seria fascinante examinar as consequências de corrigir qualquer desinformação que as pessoas tenham adquirido sobre o vírus”, diz Fazio. "É uma questão importante que precisa ser tratada.”
ARTIGO Scientific Reports: doi.org/10.1038/s41598-021-99981-8
Categorias