TOC: cientistas identificam sinais neurais ligados ao transtorno

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Pela primeira vez, pesquisadores identificaram sinais elétricos neurais relacionados com o Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) em pacientes com diagnóstico do distúrbio. Os autores do estudo, publicado na revista Nature Medicine em dezembro de 2021, dizem que a identificação desses sinais pode contribuir para a melhoria da técnica de Estimulação Cerebral Profunda (ECP), atualmente usada no tratamento do transtorno.

A pesquisa foi feita com cinco pacientes adultos com diagnóstico de TOC, e três deles foram monitorados em consultas clínicas e durante a realização de tarefas cotidianas em suas casas. Cada um dos participantes passou pela cirurgia de ECP, uma técnica que usa eletrodos para enviar pequenos sinais elétricos ao cérebro dos pacientes para regular a atividade neurológica.

Comparando mais de mil horas de registros de atividade elétrica neural coletadas com as expressões faciais, dados biométricos e relatos dos pacientes ao perceberem sintomas do TOC, os pesquisadores foram capazes de identificar certos padrões neurais que podem estar relacionados com o transtorno.

"Nosso objetivo é entender o que esses registros estão nos mostrando e treinar o aparelho a reconhecer certos padrões associados a sintomas específicos", disse em comunicado Sameer Sheth, professor associado da Faculdade de Medicina Baylor e um dos colaboradores do estudo. Para ele, quanto melhor for a compreensão dessas assinaturas neurológicas, "melhores são as chances de usarmos o ECP para tratar de forma eficaz transtornos cerebrais desafiadores como o TOC."

Melhoria no tratamento atual

Estudo pode contribuir para melhorar o tratamento atual. (Fonte: Robina Weermeijer/Unsplash)Estudo pode contribuir para melhorar o tratamento atual. (Fonte: Robina Weermeijer/Unsplash)Fonte:  Unsplash 

O TOC é um transtorno psicológico que faz com que a pessoa tenha pensamentos e comportamentos incontroláveis e recorrentes. Segundo o estudo da Nature Medicine, esse transtorno se manifesta de formas diferentes em cada individuo e seus sintomas podem variar ao longo do tempo, dificultando o tratamento.

Atualmente, segundo os autores, a técnica de ECP pode ter benefícios no tratamento do TOC por ser capaz de ajustar a intensidade dos estímulos elétricos de acordo com os sintomas. No entanto, esse ajuste só pode ser feito por um especialista, o que acaba atrasando essa adaptação.

Ao identificarem os padrões neurais ativados durante os sintomas do TOC, os autores esperam contribuir para o desenvolvimento de novos aparelhos de ECP que sejam capazes de reconhecer os sintomas e automaticamente ajustarem a intensidade dos estímulos elétricos, sem a necessidade de visitar um especialista.

Em comunicado, Wayne Goodman, um dos colaboradores do estudo e também professor na Faculdade de Medicina Baylor, diz que além de contribuir para uma possível melhoria no tratamento atual, espera-se que o estudo tenha sido capaz de melhorar o entendimento sobre o funcionamento neurológico do TOC, o que pode ajudar a encontrar tratamentos menos invasivos que a ECP.

ARTIGO Nature Medicine: doi.org/10.1038/s41591-021-01550-z

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