Autismo pode ser detectado já no primeiro ano de vida, diz estudo

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Imagem: Foto por Ana Tablas no Unsplash

Segundo pesquisadores israelenses, é possível identificar o autismo já no primeiro ano de vida. A detecção precoce permite iniciar a intervenção terapêutica cedo, o que aumenta significativamente as oportunidades de desenvolvimento.

A conclusão é de dois estudos publicados em 2021 no periódico International Journal of Pediatrics & Neonatal Care, liderados por Hanna A. Alonim, do Mifne Center.

Em um deles, especialistas em desenvolvimento infantil analisaram vídeos de 110 crianças que receberam diagnóstico de autismo, gravados por seus pais ao longo do primeiro ano de idade.

Em 89% dos bebês, os sintomas já poderiam ser observados entre quatro e seis meses, mas os pais não sabiam como interpretá-los ou acreditavam que desapareceriam ao longo do desenvolvimento.

Ao final do estudo, o Mifne Center desenvolveu uma ferramenta chamada ESPASSI, que está sendo utilizada como piloto no Hospital Ichilov, em Israel, para detectar bebês com alto risco de autismo.

O cérebro do bebê tem uma capacidade muito maior de modificar-se em relação aos estímulos, tornando fundamental a intervenção terapêutica precoceO cérebro do bebê tem uma capacidade muito maior de modificar-se em relação aos estímulos, tornando fundamental a intervenção terapêutica precoceFonte:  Pexels 

Outro estudo verificou o impacto de intervenção terapêutica precoce. Foram comparados dois grupos de bebês: um que recebeu tratamento entre 1 e 2 anos de idade e outro, entre 2 e 3 anos.

A intervenção terapêutica consistiu em cuidados intensivos em um centro de tratamento por 3 semanas, seguidos por seis meses em casa com terapeutas. Baseada na abordagem biopsicossocial, incluiu também membros da família nuclear.

Ambos os grupos tiveram progresso, mas aqueles que receberam tratamento entre 1 e 2 anos de idade obtiveram uma melhora significativa em relação ao grupo mais velho.

Pesquisadores concluíram que quanto antes realizada a intervenção terapêutica, melhor: o cérebro do bebê tem uma capacidade muito maior de modificar-se em resposta ao ambiente, e fornecer os estímulos adequados nesta fase pode resultar em melhoras significativas.

A detecção do autismo hoje

Não há um exame biológico para a detecção do autismo: psicólogos e psiquiatras o identificam por meio de métodos como observação, entrevista e instrumentos de testagem, encaminhando para tratamento se necessário.

Israel é considerado avançado em relação aos países ocidentais, com o diagnóstico ocorrendo por volta de 1 ano e meio. Nos Estados Unidos, a idade média de diagnóstico é de 4 anos.

Para Hanna A. Alonim, é crucial que detecção, avaliação e intervenção ocorram cedo. "Existe uma janela de oportunidade, e faz todo o sentido que a detecção precoce e a intervenção afetem os componentes do desenvolvimento neuroanatômico em um estágio influente para o cérebro em rápido desenvolvimento, até mesmo na medida em que a manifestação completa do autismo pode ser impedida de escalar", afirma a pesquisadora.

ARTIGOS International Journal of Pediatrics & Neonatal Care: doi.org/10.15344/2455-2364/2021/178; doi.org/10.15344/2455-2364/2021/179

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