A China formalizou na terça-feira (28), junto ao Escritório das Nações Unidas para Assuntos do Espaço, um protesto contra os satélites da Starlink, divisão de internet da empresa de serviços aeroespaciais SpaceX — do bilionário Elon Musk —, após duas ocorrências envolvendo potenciais acidentes entre os objetos orbitais e a estação espacial chinesa Tiangong, que precisou “fazer controles preventivos para evitar as colisões”.
De acordo com a correspondência enviada à ONU pelo governo chinês, foram dois episódios parecidos, um em julho e outro em outubro. Em ambos os “encontros imediatos”, a Tiangong teve que entrar no modo de “controle de prevenção de colisão preventiva”, pois os satélites Starlink entraram em órbitas que levariam a sérios acidentes, se os operadores da estação espacial não mudassem o seu curso, afirma o documento.
Na ocorrência de outubro, a Agência Espacial Chinesa (CMSA) teve que adotar medidas para "garantir a segurança" dos tripulantes em órbita. A nota termina, afirmando que esses incidentes “constituem perigos para a vida ou saúde dos astronautas a bordo da estação espacial da China” e solicitando ao secretário-geral da ONU “que distribua as informações acima mencionadas a todos os estados signatários do tratado espacial”.
A Starlink mantém cerca de 1,9 mil satélites na órbita terrestre. (Fonte: Official SpaceX Photos/Wikimedia Commons/Divulgação.)Fonte: Official SpaceX Photos/Wikimedia Commons
Colocando os astronautas em sérios riscos
Em entrevista ao The Guardian, o astrofísico Jonathan McDowell, do Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics, afirmou que essas manobras evasivas estão se tornando cada vez mais comuns na órbita terrestre. Isso se deve à quantidade e à velocidade com a qual as “constelações” de satélites têm sido lançadas.
Para o pesquisador, o Starlink tem grande responsabilidade nessa situação. McDowell classifica como “altamente incomum” o fato de o protesto do governo chinês ter que ser formalizado como um boletim informativo, acrescentando que, em caso de colisão, a estação espacial chinesa seria completamente demolida.
Em coletiva à imprensa realizada na terça-feira (28), o vice-diretor do Departamento de Informação do Ministério de Relações Exteriores da China. Zhao Lijian, declarou que os “Estados Unidos estão ignorando as suas obrigações em relação aos tratados internacionais, colocando os astronautas em sérios riscos”.
Embora a SpaceX, do bilionário Elon Musk, seja uma empresa privada, a China alega, com base nos fundamentos do direito espacial internacional, que os países onde essas empresas mantêm suas sedes podem ser corresponsabilizados por infrações ao chamado "Tratado do Espaço Exterior" assinado em 1967.
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