Mulheres com mais autocompaixão têm menor risco de doença cardiovascular

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Um estudo da Universidade de Pittsburgh indicou que o risco de doenças cardiovasculares é menor para mulheres que praticam autocompaixão. A relação não pôde ser explicada por fatores demográficos, fatores de risco tradicionais ou sintomas depressivos.

As pesquisadoras analisaram dados de quase 200 mulheres com idade entre 45 e 67 anos. Para avaliar o risco de doenças cardiovasculares, foi verificada a espessura da artéria carótida, vaso sanguíneo do pescoço que leva sangue e oxigênio ao cérebro.

A artéria carótida é medida via ultrassom, e seu espessamento é considerado preditor de doenças cardiovasculares. A diferença de espessura entre mulheres com mais e menos compaixão foi semelhante à diferença entre pessoas com e sem fatores de risco tradicionais, como obesidade e triglicerídeos elevados.

Segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia, doenças cardiovasculares são a principal causa de mortes no Brasil, muitas das quais poderiam ser evitadas ou adiadas com mudanças no estilo de vida, como prática de exercícios físicos e alimentação saudável.

Material de divulgação da OMS lista mudanças comportamentais para prevenção de doenças cardiovasculares.Material de divulgação da OMS lista mudanças comportamentais para prevenção de doenças cardiovasculares.Fonte:  OPAS OMS Brasil | Facebook 

Os achados do estudo apontam para a autocompaixão como possível área promissora para intervenção e promoção de saúde física e psicológica. Destaca-se sua importância para a mulher na meia-idade e na menopausa, que está especialmente vulnerável ao humor negativo e à rápida piora na saúde cardiovascular.

O que é autocompaixão?

A autocompaixão é a capacidade de ter compaixão consigo mesmo, frequentemente durante períodos de sofrimento. A definição é da pesquisadora Kristin Neff, referência na área, segundo a qual seriam três seus componentes básicos:

  • a autobondade, capacidade de ser gentil e compreensivo consigo mesma, sem críticas ou julgamentos excessivos;
  • a humanidade comum, consciência de que dificuldades são uma experiência humana universal;
  • e o mindfulness, quando há aceitação dos próprios pensamentos e sentimentos, sem julgá-los.

Para avaliar a autocompaixão das participantes, foi aplicada uma escala psicológica em que afirmações foram classificadas entre 1 (quase nunca) e 5 (quase sempre). Exemplos de afirmação incluem “Tento ser gentil comigo mesma quando sinto uma dor emocional” e “Eu desaprovo e julgo minhas próprias deficiências e insuficiências”.

As pesquisadoras observaram que, entre as respondentes, as mulheres com maior autocompaixão tendem a ser mais velhas, fisicamente ativas e com menos sintomas depressivos. Estudos anteriores já haviam sugerido que a autocompaixão está relacionada a fatores como maior atividade física e aderência a tratamentos médicos, mas este foi o primeiro a examinar sua relação com doenças cardiovasculares.

Rebecca Thurston, uma das pesquisadoras, afirma que o estudo ressalta a importância de praticar bondade e compaixão, especialmente direcionadas a nós mesmos: “Nós estamos todos vivendo tempos extraordinariamente estressantes, e nossa pesquisa sugere que autocompaixão é essencial para ambas nossa saúde mental e física", diz Thurston.

ARTIGO Health Psychology: doi.org/10.1037/hea0001137

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