Pesquisadores da Universidade Yale desenvolveram um medicamento oral para a diabetes tipo 1 capaz de controlar o nível da insulina e reverter os efeitos inflamatórios da doença. A descoberta traz nova esperança para um tratamento mais rápido e integral da diabetes.
Os cientistas apontaram que o medicamento apresenta algumas vantagens se comparado às terapias padrão para a doença: por ser de via oral, é mais fácil garantir a adesão do paciente ao tratamento. Os resultados do estudo com a substância foram publicados em outubro deste ano na revista Nature Biomedical Engineering.
O remédio também pode ser uma solução para os três principais problemas causados pela diabetes: ajuda a controlar os níveis de açúcar no sangue, restaura a função do pâncreas e restabelece a imunidade do órgão.
Além disso, o estudo constatou que receber a insulina por via oral funciona cerca de sete vezes mais rápido do que pelas injeções, que são o método padrão.
A descoberta dos pesquisadores reacende as esperanças para um tratamento mais completo da diabetes. Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil é o 5º país com maior número de casos da doença no mundo, com quase 17 milhões de afetados.
Receber a insulina por via oral pode funcionar sete vezes mais rápido do que por injeção.Fonte: Shutterstock
Nos experimentos feitos em ratos, os cientistas produziram nanocarregadores (nanopartículas que podem carregar medicamentos pelo corpo) capazes de reverter a inflamação causada pela diabetes, restaurar a função metabólica do pâncreas e prolongar a sobrevivência dos animais.
Além disso, a carga das nanopartículas recuperou o nível normal de insulina, que é abaixo do normal em diabéticos.
Os nanocarregadores são feitos a partir de materiais produzidos pelo próprio corpo, como o ácido biliar, e, portanto, tem efeitos terapêuticos capazes de normalizar o metabolismo e restaurar a competência imunológica.
Um dos maiores obstáculos para a criação de medicamentos orais para a diabetes é que eles costumam se dissolver no sistema gastrointestinal do paciente. No entanto, a nanopartícula protege a insulina enquanto a carrega para o pâncreas, onde o remédio é descarregado.
Para os pesquisadores, a abordagem integrada é o que torna essa terapia promissora para doenças autoimunes - entre elas, o câncer e a aids.
ARTIGO Nature Biomedical Engineering: doi.org/10.1038/s41551-021-00791-0