Em noites mais quentes, as árvores crescem menos em florestas tropicais. O aumento da produção de madeira, sinal da mata em expansão, também está associado com a concentração de CO2 no ar e a umidade média da região.
Esses são os resultados de um estudo realizado por Deborah Clark, professora da Universidade de Missouri-St. Louis, e sua equipe na estação de pesquisa La Selva Biológica. Eles analisaram o comportamento da mata tropical na Costa Rica de 1997 a 2018, o mais longo estudo desse tipo já realizado.
Grupo de pesquisadores na estação de pesquisa La Selva Biológica (Fonte: Organization for Tropical Studies/Reprodução)Fonte: Organization for Tropical Studies
"Pela primeira vez temos uma janela para observar o que uma floresta tropical inteira está fazendo. É assustador", disse Clark em entrevista ao site da revista New Scientist. Com o avanço do aquecimento global, o futuro da vegetação do planeta preocupa os cientistas.
Os pesquisadores descobriram que noites ligeiramente mais quentes eram suficientes para inibir a produção de madeira das árvores, um indicativo de que as plantas cresciam menos.
A pesquisadora diz que os resultados eram esperados. Cientistas sabem que a fotossíntese desacelera em temperaturas maiores que 28 ºC. Entretanto, isso nunca havia sido observado nessa escala.
Também notaram que o aumento da concentração de dióxido de carbono (CO2) não incrementava a produtividade da floresta como se pensava. As plantas dependem do CO2 em processos como a fotossíntese e a respiração, mas os resultados mostraram melhorias limitadas.
O aumento da concentração desse gás do efeito estufa na atmosfera é determinado pela ação humana (queima de combustíveis fósseis, desmatamento) e por processos naturais como esses. As novas descobertas somam-se aos alertas das consequências das alterações climáticas.
Florestas tropicais dependem da fotossíntese para cresceremFonte: Shutterstock
Outro grupo de pesquisa, liderado pelo professor Iain Hartley, da Universidade de Exeter, no Reino Unido, analisou 9.000 amostras de solo coletadas em quase todo o planeta.
Eles observaram que a concentração de carbono reduzia à medida que aumentava a temperatura da região. Ele descobriu ainda que regiões temperadas e polares estão três vezes mais suscetíveis a esse fenômeno.
Existem evidências de que o aumento da temperatura pode elevar a liberação de gases estufas pelo solo de florestas, efeito relacionado com a atividade de microrganismos decompositores.
Hartley está envolvido agora em um novo estudo, chamado AmazonFACE. Nessa pesquisa, os cientistas irão emitir quantidades controladas de CO2 na floresta amazônica para simular as condições climáticas do ano 2050 e analisar a resposta da mata.
ARTIGOS JBR Bioscience: doi.org/10.1029/2021JG006557; Nature Communications: doi.org/10.1038/s41467-021-27101-1
Fontes
Categorias