O relatório anual de Alzheimer apontou que, no mundo, 75% dos afetados pela demência não receberam o diagnóstico. Em países de baixa e média renda, a taxa pode chegar a 90%.
Um dos principais desafios do diagnóstico é o estigma entre os médicos, já que 1 em cada 3 profissionais diz acreditar que não há cura para a demência. A falta de acesso a testes específicos para essas doenças e o conhecimento limitado sobre como fazer o diagnóstico também dificultam a detecção, mostra o documento.
A pandemia da covid-19 impôs novas barreiras de acesso. O relatório apontou que cerca de 90% dos médicos reportaram atrasos na avaliação de pessoas que estavam enfrentando dificuldades mentais, que poderiam ser indicativas de doenças como o Alzheimer.
“Ao mesmo tempo, parece que existe uma relação entre a covid-19 e o aceleramento da degeneração cognitiva”, afirma Paola Barbarino, diretora-executiva da Alzheimer’s Disease International, federação global de Alzheimer e demência que produziu o relatório.
A demência, que ocorre principalmente em idosos, atinge cerca de 1 milhão de brasileirosFonte: Shutterstock
As dificuldades para entender a situação dessas condições mentais são ainda maiores em países de baixa e média renda, nos quais os dados sobre saúde costumam ser limitados.
Marcadores sociais como etnia, gênero e nível de educação podem aumentar o risco das doenças e afetar o acesso ao diagnóstico. O relatório destaca o caso do Brasil, onde a maior parte das estimativas de demência vem da região Sudeste.
O estudo também traz recomendações para reduzir o impacto do Alzheimer, como a introdução de check-ups anuais de saúde cerebral para toda a população acima dos 50 anos.
Outra sugestão é que governos comecem a registrar diagnósticos de maneira mais precisa, uma vez que a detecção correta da demência é fundamental para o tratamento.
O relatório indica que é preciso preparo para um aumento na demanda de serviços de saúde, devido ao envelhecimento da população global e à melhora dos diagnósticos. Alguns estudos preveem que, no mundo, os casos de demência cheguem a 78 milhões em 2030.
O relatório foi produzido a partir de enquetes on-line, que contaram com a participação de cerca de 3,5 mil pacientes e médicos em mais de cem países.
A demência é uma categoria de doenças degenerativas que causam danos às habilidades mentais, afetando principalmente os idosos e atingindo cerca de 1 milhão de brasileiros, segundo a Academia Brasileira de Neurologia. O Alzheimer é o tipo mais comum de demência, causador de perda de memória, pensamento e comportamento nos pacientes.