Entre os anos de 2008 e 2018, o câncer de pênis foi responsável por mais de 400 mortes por ano, em média, totalizando 4.191 óbitos — no mesmo período, mais de 5,5 mil cirurgias de penectomia (amputação do pênis) foram realizadas em pessoas com a doença como forma de evitar maiores complicações.
Os dados são de um levantamento realizado por pesquisadores do A.C.Camargo Cancer Center, um dos hospitais de câncer mais respeitados do país, com base em informações do DATASUS (Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde). O artigo com os números foi submetido para publicação em revista científica e aguarda aprovação, segundo os autores.
As mortes causadas pela doença no Brasil ficaram estáveis no período analisado de dez anos, mas os cientistas notaram um aumento dos óbitos na região Norte nos últimos anos. As maiores taxas de mortalidade estão nos estados do Norte e do Nordeste, diz a pesquisa.
Ilustração mostra um pênis humano
"Este é um tipo de câncer que não deveria existir; ele é totalmente evitável com ações de prevenção", diz Éder Silveira Brazão Junior, urologista do A.C.Camargo Cancer Center que participou do estudo. De acordo com o médico, a doença está relacionada ao baixo nível sociocultural, à baixa escolaridade e, principalmente, à falta de higiene adequada do pênis.
Segundo o urologista, o câncer de pênis é pouco frequente, mas tem consequências devastadoras, como a morte ou a amputação do órgão.
"O estudo mostrou que cerca de 20% das amputações [de pênis] foram feitas em pessoas com menos de 50 anos" (Éder Silveira Brazão Junior, urologista do A.C.Camargo Cancer Center)
Brazão Junior explica que, nos casos mais graves, há a metástase na região da pelvis, que pode causar infecção generalizada no corpo e sangramentos que levam à morte. Quando identificado precocemente, é possível tratar com técnicas de cauterização e evitar a retirada total do pênis.
Prevenção
O maior fator de risco para o câncer de pênis é a falta de higiene, afirma o urologista. Mas além da limpeza diária com água e sabão, é preciso prestar atenção em mudanças na região. "O surgimento de feridas, manchas e secreção são os principais sintomas", diz o médico.
Infecções crônicas na região, causadas por ISTs (Infecções Sexualmente Transmissíveis), também estão associadas a um maior risco de câncer de pênis.
A recomendação dos especialistas é procurar por um médico tão logo os sintomas sejam notados. Assim, as chances de sucesso do tratamento ficam maiores. Brazão Junior afirma que a vacina anti-HPV, disponível gratuitamente no SUS para meninos de 11 a 14 anos de idade — e meninas de 9 a 14 anos — também pode prevenir o surgimento da doença.
Nas redes sociais, o perfil laveoditocujo, no Instagram, usa o bom humor para lembrar do ato de prevenção mais importante: a higiene peniana. Mais informações sobre o câncer de pênis podem ser encontradas na página do Instituto Nacional do Câncer (Inca).