A COP26, Conferência das Nações Unidas para Mudanças Climáticas, está terminando nesta sexta-feira (12), deixando um saldo aparentemente positivo para o Brasil. Além de levar ao evento a maior delegação (479 membros, segundo a Folha de S. Paulo), o país assinou o acordo para deter o desmatamento e afirmou, para os ingleses verem, que o corte ilegal de árvores estava sendo combatido com mais recursos e patrulhamentos.
Porém, nesta sexta-feira (12), o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) divulgou que a Amazônia Legal teve em outubro uma área de 877 km2 sob alerta de desmatamento, um valor 5% maior quando comparado ao mesmo período em 2020 e recorde para esse mês desde que o levamento começou a ser feito, em 2016. A medição foi feita pelo Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter), que monitora áreas maiores que 3 hectares (0,03 km²).
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A realidade do chão da floresta
O sistema do Inpe, que apura tanto áreas totalmente desmatadas como aquelas que se encontram em processo de degradação florestal (com exploração de madeira, mineração ou queimadas), elegeu o estado do Pará para o triste posto de campeão do desmatamento no mês, com 501 km2 de alertas. O segundo colocado foi o Amazonas, com 116 km2, seguido pelo Mato Grosso, com 105 km2.
Os números do Deter, que contradizem o discurso do governo Bolsonaro na COP-26, já eram esperados por ativistas, que criticavam a delegação brasileira por não divulgar o Prodes (Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite), outro importante dado oficial do desmatamento, também medido pelo Inpe.
De acordo com o secretário-executivo do Observatório do Clima, Marcio Astrini, "As emissões acontecem no chão da floresta, não nas plenárias de Glasgow". Para o ambientalista, o que o chão da floresta revelou foi que "este governo não tem a menor intenção de cumprir os compromissos que assinou na COP26."
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