A startup americana Helion acaba de receber US$500 milhões de dólares (cerca de R$2,7 bilhões, no câmbio da quinta-feira, 11) em investimentos para construir um gerador de energia de fusão nuclear na cidade de Everett, em Washington (Estados Unidos).
A rodada foi liderada pelo investidor Sam Altman, conhecido por suas incursões no Vale do Silício. Sozinho, Altman colocou US$375 milhões de dólares no projeto. Entre os investidores estão, também, o cofundador do Facebook Dustin Moskovitz, a Mithril Capital e o Capricorn Investment Group.
Por que energia de fusão?
A energia de fusão é buscada há muito pela humanidade. Ela seria capaz de produzir energia limpa e barata em um processo parecido com a geração de energia do sol, sem produzir lixo tóxico. O mais perto que chegamos até o momento é o Tokamak, uma máquina experimental, em formato de donut gigante, que funciona como uma câmara a vácuo. Nela, mediante calor e pressão extremos, gás se converte em plasma e inicia a fusão nuclear.
Imagem do Sol feita pela NASA em 2018 (créditos: NASA/SDO)
O Tokamak faz parte do Reator Experimental Termonuclear Internacional da França (ITER), que é um esforço de 35 países em busca da energia de fusão. Mas ele ainda não chegou aos resultados planejados: gerar mais energia do que gasta na produção dela.
Agora, a Helion quer fazer diferente: segundo a empresa, seu exclusivo dispositivo pulsado de fusão sem ignição irá gerar eletricidade com emissão zero de carbono a partir de deutério e hélio-3. Eles afirmam em seu site que isso será possível combinando dispositivos eletrônicos modernos e potentes com o trabalho de cientistas e engenheiros realizado desde a década de 1950.
Se tudo der certo, a empresa vai receber ainda um aporte adicional de US$1,7 bilhão de dólares. Para isso, será preciso atingir compromissos vinculados a marcos específicos do projeto.
Diferente do ITER, que tem caráter experimental de desenvolvimento da tecnologia de fusão nuclear, a Helion está focada na geração comercial de eletricidade. Segundo David Kirtley, cofundador e CEO da Helion, em entrevista ao site Tech Crunch, a empresa está construindo sistemas do tamanho de um contêiner de transporte que podem fornecer energia em escala industrial, cerca de 50 megawatts de eletricidade.
Quando fica pronto?
O sétimo protótipo de gerador de energia de fusão nuclear da Helion irá se chamar Polaris e já tem ano pré-marcado para demonstração: 2024. Sam Altman provavelmente não vê a hora, já que o investidor, que era presidente do conselho da startup desde 2015, após o aporte financeiro passou a presidente executivo.
Segundo ele, a abordagem de fusão nuclear da empresa é a mais promissora que já viu. "Esta equipe tem um caminho claro para a eletricidade líquida. Se a Helion for bem-sucedida, podemos evitar desastres climáticos e proporcionar uma qualidade de vida muito melhor para as pessoas”, afirmou o investidor ao Tech Crunch.
Segundo a Helion, produzindo 50 megawatts seus geradores poderiam alimentar cerca de 40.000 casas a um centavo por quilowatt-hora. Com essa quantidade de energia, cabendo em um contêiner e custando tão pouco, a nova tecnologia – caso se concretize – pode mudar o cenário energético global.
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