O esqueleto do maior tricerátops conhecido foi comprado por um colecionador particular no dia 21 de outubro por US$ 7,7 milhões (mais de R$43 milhões, no câmbio desta quinta, 28). Chamado de Big John, o fóssil tem 8 metros de comprimento e 66 milhões de anos — idade que o remete ao período Cretáceo Superior, última era em que dinossauros viveram na Terra.
A venda da peça histórica ocorreu de forma legal em uma casa de leilões em Paris, e foi adquirida por um estadunidense anônimo após uma longa série de ofertas. Segundo a organização responsável pelo evento, o valor arrecadado pelo item foi 7 vezes acima do esperado — o que revela o atual interesse pessoal de milionários e bilionários em relação a artefatos históricos.
O colecionador ficou "absolutamente entusiasmado com a ideia de poder levar um item como esse para seu uso pessoal", segundo Djuan Rivers, representante do comprador. Tal assunto inclusive virou alvo de críticas em redes sociais, com pessoas e especialistas defendendo a ideia de que o lugar correto para um fóssil dessa magnitude deveria ser museus ou instituições de pesquisa e ensino.
O maior tricerátops conhecido, apelidado de Big John, foi vendido para um colecionador particular por US$ 7,7 milhõesFonte: BBC/Reprodução
Para quem acredita nesse posicionamento, as peças representam a vida na Terra e, por isso, deveriam ser tratadas como patrimônio da humanidade. Além disso, a manutenção de fósseis nesses espaços garantiria sua conservação de maneira mais adequada, com propósitos educativos — vinculados ao seu valor histórico e científico.
A origem do Big John e o debate sobre a venda
Os ossos fossilizados foram descobertos pelo geólogo Walter W. Stein Bill em 2014 no estado da Dakota do Sul, Estados Unidos. Com 200 partes encontradas e relativamente preservadas, as escavações foram concluídas em 2015, processo que encaminhou os achados a universidades italianas, de Bolonha e Chieti-Pescara, para limpeza e restauração a fim de reconstruir o antigo animal visando sua venda.
Após o trabalho da equipe, foi recuperado cerca de 60% do esqueleto completo e 75% de seu crânio. Apesar das controvérsias, Big John retornará ao seu país de origem, onde morreu em uma planície de inundação, situação que favoreceu seu bom estado de conservação.
Partes recuperadas do Big John (em vermelho)Fonte: Drouot/Reprodução
Nos últimos anos, especialistas em leilões apontam o surgimento de um novo tipo de mercado, focado no comércio de fósseis raros de dinossauros. A casa Drouot, responsável pela oferta do tricerátops, por exemplo, já realizou vendas de outros esqueletos: dois alossauros entre 2018 e 2020 (arrecadando mais de US$ 5 milhões no total). Além desses, no ano passado um espécime de tiranossauro rex foi leiloada pelo preço recorde de US$ 31,8 milhões.
Por conta de os itens atingirem valores altíssimos, museus públicos e centros de pesquisa não conseguem competir com colecionadores particulares ricos para adquirirem os fósseis. Em fala divulgada pelo jornal La Jornada, Francis Duranthon, diretor do Museu de História Natural de Toulouse (França), comentou que os preços “equivalem a 20 ou 25 anos do nosso orçamento de compras.”
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