Divulgado no dia 5 deste mês no site do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), o relatório "Estado dos Recifes de Coral do Mundo: 2020" é a maior análise da saúde global dos recifes de coral já realizada até hoje. Produzido pela Rede Global de Monitoramento de Recifes de Coral (GCRMN), o documento revela a perda preocupante de 14% dos recifes de coral do mundo, de 2009 a 2020.
O relatório foi elaborado a partir de dados coletados por mais de 300 cientistas em mais de dois milhões de observações realizadas em cerca de 12 mil locais de 73 países, durante 40 anos. Seu principal foco de observação foram os eventos globais de branqueamento em massa de corais, observados com uma frequência cada vez maior desde 1998, e causados pela elevação das temperaturas na superfície do mar.
Além do aquecimento provocado pelas mudanças climáticas globais, outras pressões locais, como a pesca predatória, o desenvolvimento costeiro insustentável e a perda de qualidade da água representam um estresse insuportável aos recifes de coral. Como resultado, eles perdem suas algas fotossintetizantes – as zooxantelas – que vivem dentro dos pólipos. Sem as algas, esses organismos perdem a cor, adoecem pela falta de nutrientes, e podem morrer.
Importância dos recifes de coral para o meio ambiente
Recifes de coral estão presentes em mais de 100 países e territórios mundiais e, apesar de cobrirem apenas 0,2% do fundo do mar, fornecem um habitat crítico a pelo menos 25% das espécies marinhas do planeta. A estimativa é de que centenas de milhões de habitantes no mundo dependem desses organismos como fonte de alimentação, emprego e proteção natural contra tempestades e erosão.
O estudo da GCRMN revelou que, entre os anos de 2009 e 2018, o planeta perdeu cerca de 11,7 mil quilômetros quadrados de coral, o que corresponde à população inteira de coral da Austrália. Quanto ao futuro, "há tendências claramente inquietantes para a perda de corais, e podemos esperar que elas continuem à medida que o aquecimento persistir", diz o relatório.
A boa notícia é que, apesar de todo o estresse, em 2019 foram observados alguns eventos de recuperação, com recifes readquirindo 2% de sua cobertura de coral. Isso indica que, não apenas os recifes de coral são resilientes, como também que uma eventual redução das pressões antropogênicas sobre esses ecossistemas poderia resultar em sua total recuperação em pouco mais de uma década.
"Mas temos de agir agora", afirma a diretora executiva do PNUMA, Inger Andersen.
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