O site australiano New Atlas divulgou na terça-feira (28) o maior projeto de energia renovável já empreendido no planeta. A gigantesca instalação, construída ao custo de US$ 22 bilhões (R$ 119,2 bilhões), pretende captar a energia gerada pela luz do sol na Austrália e enviá-la por mais de 5 mil quilômetros até Cingapura, utilizando cabos submarinos de alta tensão. Liderado pela empresa australiana Sun Cable, o projeto teve seu início agendado para 2027.
Para que isso aconteça, será necessário construir antes a maior fazenda solar e a mais extensa instalação de armazenamento de baterias da história. Nesse sentido, os dois países, separados por mais de 4 mil quilômetros, deverão compatibilizar as suas necessidades e disponibilidades. Cingapura tem recursos financeiros e tenta fazer a transição para energia limpa, mas não tem espaço. A Austrália, por outro lado, oferece extensão territorial e sol abundante.
O espaço disponível no Território do Norte na Austrália consiste em uma área de 12 mil hectares de terras áridas em uma das regiões mais ensolaradas do mundo. Localizado a cerca de 800 km da capital Darwin, o local foi adquirido pela Sun Cable para a criação do enorme "Powell Creek Solar Precinct", com capacidade para gerar de 17 a 20 gigawatts de pico de geração de energia e armazenar entre 36 e 42 GWh por bateria.
Projeto Australia-Asia PowerLink
Mapa mostra caminho que será feito pela energia elétrica solar até chegar em Cingapura Fonte: Sun Cable/DivulgaçãoFonte: Sun Cable
Quando operacional, o projeto Australia-Asia PowerLink terá uma dimensão equivalente a dez vezes o tamanho da maior instalação de energia solar existente hoje no mundo – o Bhadla Solar Park – na Índia, com capacidade para produção de 2.245 GW. No quesito armazenamento, o novo projeto supera em 30 vezes o maior sistema de armazenamento de baterias, em construção na cidade Kurri Kurri, também na Austrália, com 1,2 GW de capacidade.
A carência energética de Cingapura também é considerável. Um dos maiores centros financeiros do sudeste da Ásia, a cidade-estado insular de 5,7 milhões de habitantes fez um comunicado recente anunciando a redução de gases de efeito estufa em 36%, comparando-se os níveis de 2005 a 2030. O governo afirmou que não seria possível assumir uma meta mais elevada devido às limitações territoriais.
Com o novo PowerLink, a energia limpa chegará ao nordeste de Cingapura através de 4,2 mil km de cabos submarinos de alta tensão, que farão um dog-leg (mudança de direção) para contornar algumas ilhas da Indonésia. De acordo com a Sun Cable, a energia despachada da Austrália suprirá até 15% da demanda de eletricidade da cidade-estado vizinha, o necessário para atender cerca de três milhões de residências.
Para a Sun Cable, a substituição das fontes de energia de Cingapura pela energia solar australiana representará um corte de 11,5 milhões de toneladas de emissões de CO2, que a empresa compara à ação de retirar das estradas uma frota de 2,5 milhões de veículos.
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