Um grupo de pesquisadores da Itália anunciou um experimento capaz de produzir água e oxigênio através de rochas da Lua, com o objetivo de sustentar futuras bases no espaço. O protótipo construído em laboratório foi adaptado de um processo de química industrial, aplicado na Terra para a extração de metal, para receber uma mistura mineral que imita o solo lunar — cuja metade da superfície é formada por silício e óxidos de ferros, compostos ricos em oxigênio.
Logo, o dispositivo foi testado para extrair oxigênio da poeira lunar artificial, com o propósito de operar de forma autônoma e eficiente em qualquer possível instalação na Lua. No caso, um forno que atinge temperaturas superiores a 1000 °C transformou o material sólido em gás, pulando a fase de fusão. Depois, a equipe adicionou hidrogênio e metano para reagirem quimicamente e produzir água no estado líquido.
O projeto foi desenvolvido pela cientista Michèle Lavagna, da Universidade Politécnica de Milão, através de um consórcio de pesquisa científica formado pela Agência Espacial Europeia (ESA), Agência Espacial Italiana e OHB Group — companhia de tecnologia espacial. A apresentação ocorreu no dia 23 deste mês na conferência virtual do Europlanet Science Congress (EPSC).
O experimento pode fornecer fontes seguras e sustentáveis de água e oxigênio no contexto de construção de bases na LuaFonte: ESA – P Carril/Reprodução
“Essa é uma aplicação terrestre bastante conhecida para extração de metal. [O processo gera] gases como subproduto, mas no nosso trabalho eles são o produto principal que estamos nos concentrando. Nossos experimentos mostram que a plataforma pode ser escalável e operar em um circuito fechado quase totalmente autossustentável, sem a necessidade de intervenção humana”, disse Lavagna durante o evento divulgado pela revista New Scientist.
Após extrair oxigênio, a fornalha deixa como resíduo subprodutos de hidrogênio, metano — os quais podem ser utilizados novamente — e uma poeira rica em metais para ser usada em outros fins. Todo esse material residual passa então por um conversor catalítico e condensador que separa a água.
A descoberta ocorreu depois de o sistema passar por uma série de testes. Os pesquisadores analisaram diferentes proporções dos ingredientes e temperaturas, e constataram que a versão mais eficiente extraiu 24% do oxigênio presente na poeira lunar artificial — o equivalente a 11% da massa total da amostra.
Como o processo não exige intervenção humana, o aparelho pode ser fixado em uma futura base de exploração para ser utilizado por astronautas em diversas missões. “A capacidade de ter instalações eficientes de produção de água e oxigênio é fundamental para a exploração humana e para a condução de ciência de alta qualidade diretamente na Lua”, completou Lavagna.
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