Cientistas inventam 'ar-condicionado' que não usa eletricidade

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Imagem: Fonte: KAUST/Wenbin Wang

Ondas de calor intenso têm atingido várias partes do planeta, causando mortes, incêndios e atingindo temperaturas recorde em países como Canadá e Itália. Paralelamente, a crise energética tem forçado a humanidade a buscar um aumento na produção de energia limpa e iniciativas que reduzam o consumo de eletricidade. Nesse cenário, uma criação de pesquisadores da Arábia Saudita reúne o melhor dos dois mundos: um sistema de resfriamento que não utiliza energia elétrica.

O sistema, em desenvolvimento pela equipe da Universidade de Ciência e Tecnologia Rei Abdullah (KAUST), é capaz de resfriar um ambiente inteiro ou refrigerar alimentos a 3,6 ºC utilizando apenas sal e luz solar. O método de resfriamento sem eletricidade é altamente reutilizável em outras parte do globo, basta que tenham acesso à luz solar abundante.

Ilustração do sistema projetado pelos engenheiros do KAUST, que pode ser usado para resfriar ambientes residenciaisIlustração do sistema projetado pelos engenheiros do KAUST, que pode ser usado para resfriar ambientes residenciaisFonte:  KAUST/Wenbin Wang/Reprodução. 

É interessante que a solução venha do Oriente Médio, região muito quente e que sofre com a escassez de recursos, o que exige soluções inovadoras, como o investimento para criar drones que fazem chover, conforme relatamos aqui.

A ideia da equipe foi descrita em um artigo na revista científica Energy & Environmental Science. O projeto tira proveito do fenômeno natural de "mudança de fase", quando os cristais de sal se dissolvem na água quente — que esfria rapidamente à medida em que o sal se dissolve.

O tipo de sal escolhido pelos pesquisadores foi o nitrato de amônio, devido à sua alta solubilidade em água e grande poder de resfriamento — quatro vezes maior do que o cloreto de amônio, que foi o segundo sal com melhor desempenho nos testes. O nitrato de amônio é barato e costuma ser utilizado em fertilizantes.

O melhor de tudo: o sal pode ser cristalizado e reutilizado após ser dissolvido pela evaporação da água. Uma vez coletado, ele se torna uma forma de energia solar armazenada, pronta para uso quando necessário.

O experimento foi capaz de resfriar o espaço ao redor de um copo de metal com nitrato de amônio da temperatura ambiente (aproximadamente  25 ºC) para 3,6 ºC em apenas cerca de 20 minutos. Depois, a temperatura permaneceu abaixo de 15 ºC por mais de 15 horas.

No futuro, a solução pode ser uma alternativa ao ar condicionado tradicional, que, de acordo com a Agência Internacional de Energia (IEA), emite milhões de toneladas de dióxido de carbono diariamente ao redor do planeta. O novo sistema é de baixo custo e, como indicou o comunicado da universidade à imprensa, também pode ser uma solução para resfriar ambientes residenciais em comunidades empobrecidas que não possuem acesso à rede elétrica.

“Conceitualizamos um projeto de armazenamento e conversão de energia solar fora da rede para um resfriamento ecológico e barato”, disse, no comunicado, o cientista Wenbin Wang, um dos responsáveis pela invenção.

ARTIGO Energy & Environmental Science: doi.org/10.1039/D1EE01688A

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