Depois de mais de um ano e meio de pandemia, boa parte da população mundial ficou mais sedentária. Mais quilos e menos músculos é uma configuração que tem consequências diretas na nossa saúde, podendo dar início ou agravar doenças crônicas, como diabetes, hipertensão e asma.
O exame de bioimpedância surge para dar ao médico uma melhor visão de qual a composição do corpo do paciente. Assim, é possível planejar melhor dietas e programa de atividades físicas que aumentem o bem-estar da pessoa.
“Estamos preocupados, principalmente, com o excesso de gordura, que é metabolicamente desfavorável”, afirma a médica endocrinologista Aline Guimarães de Faria, do Hospital Sírio-Libanês.
Exemplo de equipamento que realiza a bioimpedância elétrica (créditos: mind_photo/Shutterstock)
Faria explica que apenas estar com um peso maior não significa necessariamente que o paciente está menos saudável. Um exemplo: um fisiculturista pode estar com o IMC (índice de massa corporal) acima do que é considerado adequado, mas o peso dessa pessoa é composto, principalmente, por músculos e uma baixa taxa de gordura – o que é muito bom.
“O IMC diz de uma forma muito grosseira se uma pessoa está ou não acima do peso, mas não consegue dizer qual a composição desse peso", afirma a médica.
“Queremos que o paciente ganhe mais massa muscular. Quando há a necessidade de perder peso, o ideal é que seja perdendo mais gordura e menos músculos", diz Faria.
Segundo a médica, o ideal é que a gordura corporal esteja entre 10% e 20% para homens e 18% e 28% para as mulheres, que geralmente possuem uma tendência maior de acumular gordura no corpo.
A forma mais comum de ter uma boa medida da composição corporal é a bioimpedância elétrica, que lança um sinal elétrico muito fraco para percorrer o corpo do paciente. Como cada componente do corpo possui uma densidade diferente, esse sinal viaja em velocidades diferentes ao passar por gordura ou músculos.
A gordura possui menos água que os músculos, assim, esse sinal passa mais lentamente por ela. São os dados dessa trajetória que permitem estimar a proporção de cada componente do corpo.
O exame é feito por um endocrinologista ou nutricionista em ambiente médico. A pessoa precisa ficar em pé, com as duas mãos no aparelho que vai emitir o leve sinal elétrico para o corpo. O exame pode exigir um jejum de cerca de 4 horas e leva aproximadamente dois minutos para ser feito.
Mais recentemente, dispositivos vestíveis, como o Galaxy Watch 4, da Samsung, e a Halo Band, pulseira inteligente da Amazon (não disponível no Brasil), conseguem fazer a medida de maneira simples e rápida.
Pessoa faz bioimpedância com o Galaxy Watch 4 (créditos: divulgação)
Embora não sejam equipamentos médicos e os dados fornecidos por esses produtos não possam ser considerados exames de diagnóstico, estudos feitos com os dispositivos mostram que eles dão resultados razoavelmente precisos e podem ajudar em um acompanhamento de tendências do corpo.
“A pessoa que for usar não deve se prender tanto ao resultado, que pode não ser o mais preciso, mas serve bem como medida de tendências", diz a médica. “É possível usar essas informações para planejar ajustes na dieta e na atividade física e acompanhar os resultados de um programa de treino, por exemplo. Assim, os resultados podem servir de estímulo”, afirma Faria.
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