O Galaxy Watch 4, novo relógio inteligente da Samsung, chegou com uma novidade ainda inédita em smartwatches: a medição de bioimpedância, números que dão conta da composição corporal de uma pessoa.
A nova função pode dizer, por exemplo, qual a proporção de gordura e músculo que compõe o corpo do usuário e, com base nesses dados, é possível saber quão saudável uma pessoa está e até planejar mudanças na dieta ou na rotina de atividades físicas visando maior bem-estar.
Normalmente, o exame é feito em consultório médico, com um endocrinologista ou, menos frequentemente, com um nutricionista. A forma clássica de medir a bioimpedância depende de equipamentos maiores, que emitem um sinal elétrico muito fraco capaz de percorrer o corpo do paciente.
Exemplo de aparelho que faz a medição da composição corporal por bioimpedância (créditos: mind_photo/Shutterstock)
Como cada componente do nosso corpo possui uma densidade diferente, esse sinal vai viajar em velocidades diferentes ao passar por gordura ou músculos. A gordura possui menos água que os músculos, assim, esse sinal passa mais lentamente por ela. São os dados dessa trajetória que permitem estimar a proporção de cada componente do corpo.
Pessoa faz bioimpedância usando o Galaxy Watch 4
Mas como o Galaxy Watch 4 consegue fazer essa medida?
No novo relógio da Samsung, o sinal elétrico sai de dois botões laterais, onde a pessoa precisa encostar os dedos no início da medição. Segundo Renato Citrini, gerente de produtos na Samsung, o relógio consegue fazer um ciclo com 2.400 medições dentro de 15 segundos.
“O maior desafio foi fazer os sensores em miniaturas para colocar dentro do relógio", disse Citrini em entrevista para o TecMundo.
Em um artigo publicado por pesquisadores da Samsung em janeiro deste ano na revista científica Scientific Reports, o erro padrão da estimativa de gordura corporal ficou em 3,76%, mostrando que apesar da miniaturização dos sensores, o dispositivo ainda consegue fornecer medidas muito boas.
A evolução dos smartwatches na última década é impressionante. O primeiro relógio lançado pela Samsung, em 2009, o S9110, ainda não possuía um acelerômetro, item básico para relógios inteligentes e telefones atualmente, capaz de gerar informações durante os movimentos do usuário. A função só iria aparecer em um modelo de 2013.
O Samsung Gear 2 Neo, de 2014, trouxe a popular função de medir os batimentos cardíacos. No mesmo ano, o GPS apareceria no modelo Gear S.
“Estamos evoluindo há mais de dez anos, e as pessoas estão cada vez mais buscando informações para conhecer o próprio corpo e a saúde”, diz o executivo.
Citrini afirma que as medidas feitas pelo relógio, sejam elas quais forem, devem ser confirmadas por exames médicos mais precisos. "As informações dadas pelo relógio servem para autoconhecimento, acompanhamento e para ver tendências, mas ele não é um equipamento médico", diz o executivo.
Em 2020, a Samsung deu início a uma ação em conjunto com o Hospital Albert Einstein para avaliar como médicos e pacientes podem fazer um melhor uso dos dispositivos móveis e do aplicativo Samsung Health, plataforma de saúde e bem-estar da empresa.
Para a endocrinologista Aline Guimarães de Faria, do Hospital Sírio-Libanês, o relógio pode ser útil para pessoas que desejam monitorar sua saúde mais de perto, embora a precisão dos dados fornecidos não seja tão grande quanto a de exames feitos por profissionais da saúde.
“A pessoa que for usar não deve se prender tanto ao resultado, que pode não ser o mais preciso, mas serve bem como medida de tendências", diz a médica. “É possível usar essas informações para planejar ajustes na dieta e na atividade física e acompanhar os resultados de um programa de treino, por exemplo. Assim, os resultados podem ser um estímulo”, afirma.
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