Com o espaço cada vez mais congestionado devido à nova era da exploração espacial – protagonizada não só por agências espaciais governamentais, mas também por empresas privadas como SpaceX, Virgin Galactic e Blue Origin –, mais chances de colisões ocorrem, além do perigo do material obsoleto deixado orbitando, que pode, eventualmente, fazer sua reentrada na atmosfera terrestre e gerar grandes prejuízos. Por isso, o Reino Unido acaba de inaugurar um centro de pesquisa dedicado ao lixo espacial.
O Centro de Conscientização do Domínio Espacial (CSDA) da Universidade de Warwick foi criado já antecipando a grande expansão no número de satélites que fornecem serviços vitais – comunicações, navegação e observação da Terra, por exemplo –, como a constelação Starlink, da SpaceX, que já colocou mais de 1.700 satélites em órbita e pretende colocar outras dezenas de milhares em breve.
O objetivo da universidade é criar pesquisas que abordem, além do lixo espacial que pode colidir com os satélites em órbita, fenômenos espaciais como ventos solares, que podem interferir em componentes eletrônicos. Ou seja: os pesquisadores do novo centro serão pioneiros em trabalhos que buscam compreender e caracterizar o ambiente próximo à Terra — para dar suporte a futuros trabalhos científicos, comerciais, governamentais e militares.
O Centro foi lançado no dia 8 de setembro, durante a reunião anual da Rede Global de Sustentabilidade no Espaço (GNOSIS), uma rede de cientistas e representantes da indústria que buscam sensibilizar a comunidade quanto ao problema de detritos espaciais e a sustentabilidade do espaço.
Congestionamento espacial
Lixo espacial é um problema crescente, alertam cientistasFonte: iStock Illustration/Reprodução
Desde o início da exploração espacial, cerca de 6.000 satélites já foram colocados em órbita e espera-se que esse número aumente maciçamente em breve. A maioria desses satélites fica na órbita terrestre baixa (LEO), a menos de 1200 km acima da Terra. Isso ocorre porque essas órbitas são bem mais acessíveis e têm a distância ideal para obter latência curta para comunicações e imagens de alta resolução.
Mas, apesar do inegável bem e evolução que esses satélites proporcionam, o ambiente próximo à Terra tornou-se repleto de detritos decorrentes dos vários lançamentos espaciais. Lá em cima, repousam espaçonaves desativadas deixadas para queimar na atmosfera. É muito lixo: 9 mil toneladas, segundo dado divulgado pela ONU em agosto deste ano. Os cientistas agora querem desenvolver novas maneiras de procurar destroços em órbita, por meio de projetos como o DebrisWatch.
O professor Don Pollacco, diretor do novo centro e professor do Departamento de Física da Universidade de Warwick, explicou, em comunicado à imprensa, os motivos da criação da entidade: “A maior parte da sociedade moderna depende do espaço. Mas agora temos um problema de tráfego espacial. Mais cedo ou mais tarde, tudo isso se tornará um grande problema. Do nosso ponto de vista, a ideia é abordar isso muito antes."
Segundo o professor, não há conhecimento sobre a distribuição dos detritos presentes no espaço hoje, mas já se sabe que existem algumas órbitas com detritos significativos. O perigo é real: "O material está se movendo muito rápido e seu momento pode ser significativo. Algo muito pequeno pode destruir uma espaçonave inteira", afirmou Pollacco. Ou pior: cair na sua casa.
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