Fatores sociais, hábitos do cotidiano, uso exacerbado de aparelhos tecnológicos, estresse, conflitos pessoais, além, é claro, de fatores genéticos, podem alterar o funcionamento do cérebro.
Apesar de estar sempre em mudança e em busca de adaptações, os transtornos de personalidade que afetam diretamente esse órgão, como o narcisista e o histriônico, eram vistos pela ciência apenas como patológicos inatos, ou seja, nasciam com a pessoa. Porém, meu estudo recente questionou a tese e comprovou que, assim como outros transtornos de personalidade, tais distúrbios podem ser decorrentes de fatores adquiridos, inclusive na fase adulta e relacionado com esses hábitos.
Vale ressaltar que o transtorno de personalidade pode ser natural ou patológico, levando a outras vertentes que prejudicam a saúde mental, bem como a expressão comportamental em sociedade.
O estudo "Neuropersonalidade e neuroterapia — descrição anatômica da personalidade para processo terapêutico", que foi recentemente revisado e aprovado pelo comitê científico da Frontiers (Suíça) e também na revista científica International Journal of Multidisciplinary and Current Educational Research (IJMCER), onde foi publicado, então, mapeou esses comportamentos e os neurotransmissores relacionados a cada um deles, criando assim, um tipo de terapia personalizada e baseada no perfil bioquímico do paciente.
Os neurotransmissores são mensageiros químicos que podem transmitir, estimular e equilibrar os sinais entre os neurônios ou outras células do corpo e esses bilhões de mensageiros químicos podem afetar uma variedade de funções físicas e psicológicas como frequência cardíaca, apetite, sono, medo, emoções respiração, aprendizagem, concentração entre outras diversas funções.
Imagem mostra ilustração da atividade elétrica no cérebro (créditos: Yurchanka Siarhei/Shutterstock)
A partir de conhecimentos prévios e de relatos de pacientes, criei a chamada neuroterapia, ou seja, um tratamento personalizado com o determinante bioquímico, ou seja, os neurotransmissores específicos à cada personalidade.
Todos os neurotransmissores estão envolvidos em processos que resultam na personalidade. A rede neural é conectada e o mau funcionamento de um neurotransmissor pode acarretar mau funcionamento de outros. Ou seja, foi comprovado o que já havia sido previamente revelado pela neuroplasticidade, onde novas conexões são formadas, formatando assim uma personalidade relacionada às disfunções no sistema límbico do cérebro acarretando em transtorno de personalidades dramáticas, como Borderline, Histriônica, Narcisista, entre outros.
E há, atualmente, um coletivo de transtornos de personalidades dramáticas que tem como alguns sintomas: se fazer de vítima, pensar ter razão o tempo todo, não buscar conhecimento pleno, manipulação, incoerência, memória prejudicada, dificuldade no foco atencional, oscilações de humor, selecionar culpados sem analisar a si mesmo, falta de empatia, tentar chamar a atenção, provocadores, sensação de merecimento, inveja, arrogância, entre outros.
Neuroterapia
A teoria da neuroterapia foi criada com o determinante bioquímico, ou seja, com foco nos neurotransmissores específicos à personalidade, já que está relacionada aos agentes bioquímicos que conduzem todo o funcionamento para todos os processos relacionados ao comportamento.
A neuropersonalidade é uma neuroanatomia da construção da subjetividade, como identidade; e a neuroterapia um processo terapêutico que visa uma melhor eficácia trabalhando diretamente na razão, no foco ou nas nascentes originárias que resultam em síndromes, transtornos ou doenças. Porém, há obstáculos para o tratamento de transtornos com vínculo narcisista pela falta de consciência do paciente. Assim como a permanência da razão abstrata, a construção de uma realidade paralela e ficcional por parte de pacientes acometidos por Transtornos de Personalidade.
Deste modo, o tratamento direcionado aos traços característicos destas personalidades e aos neurotransmissores específicos pode, junto a assertividade dos processos terapêuticos, trazer uma eficácia em um período menor, simplificando o tratamento. Principalmente quando levamos em conta o fator ansiedade, que contribui para a falta de colaboração do paciente, como também pelo fato de pessoas com transtornos necessitarem de uma visão clara do resultado para não haver uma desistência do tratamento. O tipo de manejo com protocolo determinado para cada tipo de transtorno garante o engajamento do paciente, assegurando com isso o sucesso do método Neuroterapia.
*Este meu estudo foi realizado através do Centro de Pesquisas e Análises Heráclito (CPAH) com a participação da Logos University International, UniLogos, City University, avaliação do Dr. Henry Oh, Chefe do Departamento de Saúde da Universidade Estadual de Idaho, ambos nos Estados Unidos e da UniBrasília-DF (Faculdades do Ecossistema Brasília Educacional).
ARTIGO https://www.ijmcer.com/wp-content/uploads/2021/09/IJMCER_BB0340271279.pdf
Fabiano de Abreu Rodrigues, colunista do TecMundo, é doutor e mestre em Ciências da Saúde nas áreas de Neurociências e Psicologia, com especialização em Propriedades Elétricas dos Neurônios (Harvard), programação em Python na USP e em Inteligência Artificial na IBM. Ele é membro da Mensa International, a associação de pessoas mais inteligentes do mundo, da Sociedade Portuguesa e Brasileira de Neurociência e da Federação Europeia de Neurociência. É diretor do Centro de Pesquisas e Análises Heráclito (CPAH), IPI Intel Technology e considerado um dos principais cientistas nacionais para estudos de inteligência e alto QI.