E depois de muita espera, a nova promessa da NASA tem data marcara para ir aos céus: 18 de Dezembro de 2021. Descrito como o "maior, mais poderoso e complexo telescópio espacial já construído e lançado no espaço" pela própria agência, o James Webb Space Telescope (JWST) terá 6.500 kg e segmentos de espelhos que combinados possuem 6.5 metros de diâmetro. A NASA também garante que o telescópio espacial irá alterar os nossos conhecimentos de astronomia!
Na imagem conseguimos ver o James Webb Space Telescope de cima, sendo possível identificar os segmentos de espelhos hexagonais. Para noção de escala, Fonte: NASA
O que vem por ai
Telescópios profissionais são verdadeiras máquinas do tempo! Como a luz viaja em uma velocidade finita, para viajar pelo Universo leva tempo. A luz de uma estrela a 4 anos-luz de distância leva 4 anos para nos alcançar. Isso significa que, a luz que enxergamos hoje foi emitida há 4 anos e é o passado da estrela. Com isso, quanto mais distante um objeto que conseguimos enxergar, mais antiga é a sua luz e mais para o passado estamos olhando. Com o James Webb não será diferente!
Sendo o maior telescópio espacial já lançado, o James Webb irá garantir uma resolução imprescindível em alguns comprimentos de onda, como no infravermelho. Com essa capacidade e sensibilidade, iremos conseguir novas pistas sobre como as primeiras estrelas e galáxias se formaram!
Esquema ilustrativo da capacidade do James Webb Telescope em olhar para o passado do Universo. No topo vemos o momento atual junto do Telescópio. Descendo na imagem, caminhamos para o passado e podemos ver um pouco da história evolutiva do Universo após o Big BangFonte: NASA
Depois do Big Bang, o que existia no Universo era apenas partículas, como elétrons, prótons e nêutrons. Com a expansão e resfriamento do Universo, essas partículas começaram a se unir, formando átomos como Hidrogênio e Hélio. Como exatamente a matéria se uniu para formar as primeiras estrelas e galáxias ainda é desconhecido! Com o James Webb será possível entender o nascimento dessas primeiras estrelas e galáxias!
Compreender como aconteceu a formação das primeiras estrelas é fundamental para entender como elementos químicos necessários para construção de vida foram formados! Estrelas são grandes fábricas de elementos químicos. Elas transformam elementos simples em elementos mais complexos, formando elementos como carbono, oxigênio, nitrogênio e outros. Antes das primeiras estrelas existia apenas Hidrogênio e Hélio, então estudar essas estrelas ajudará a compreender como vida no Universo foi possível!
Mas não é só para o passado que vamos olhar, o JWST também irá olhar para o nascimento de estrelas e planetas e possibilitará o estudo da atmosfera de exoplanetas.
Impressão artística de vários sistemas planetários, com estrelas de diferentes tamanhos e diferentes configurações orbitais.Fonte: Wikipedia
Não é todo dia que conseguimos ver o nascimento de uma estrela e seus planetas, mas com o JWST isso se tornará mais frequente, já que o telescópio conseguirá ver através das nuvens de poeira que envolvem o nascimento de sistemas planetários, possibilitando a imagem direta do momento em que a estrela se forma.
Além disso, com o poder de resolução do novo telescópio, será possível estudar em detalhes a atmosfera de outros planetas. Essas novas observações permitirão entender quais elementos químicos estão presentes em outros planetas e facilitarão o encontro de bioassinaturas.
Bioassinaturas são os traços de elementos químicos relacionados com a presença de vida no planeta. A existência de vida na Terra alterou fundamentalmente a atmosfera do nosso planeta, criando uma grande presença de oxigênio, por exemplo. Esperamos o mesmo ao estudar outros planetas, e o JWST permitirá um grande avanço nessa área.
Ilustração de como funciona o estudo da espectroscopia ao detectar um elemento presente em uma atmosferaFonte: NASA
A detecção de bioassinaturas pela primeira vez, pode representar o descobrimento de vida fora da Terra!
Nós também olharemos para mais perto: nosso próprio Sistema Solar. O JWST possibilitará um estudo mais detalhado de planetas como Marte, os gigantes gasosos, e até elementos menores do Sistema Solar, como Plutão, Eris e pequenos corpos. Observações da atmosfera de Marte irá ajudar a compreender seus traços orgânicos e seu histórico. Por outro lado, poderemos compreender a meteorologia de Saturno e Jupiter, construindo a nossa compreensão dos clima sazonal desses gigantes gasosos.
Essas são algumas das descobertas que serão possíveis com o lançamento tão aguardado do James Webb Space Telescope. Além disso, existem todas as possibilidades do desconhecido.
O que será que o futuro pós James Webb Space Telescope nos trará?
Camila de Sá Freitas, colunista do TecMundo, é bacharel e mestre em astronomia. Atualmente é doutoranda no Observatório Europeu do Sul (Alemanha). Autointulada Legista de Galáxias, investiga cenários evolutivos para galáxias e possíveis alterações na fabricação de estrelas. Está presente nas redes sociais como @astronomacamila
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