A Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) afirmou, na segunda-feira (06), que os casos de encefalopatia espongiforme bovina (EEB), conhecido popularmente como doença da vaca louca, identificados recentemente no Brasil não oferecem riscos à produção de gado no país.
Durante a realização da inspeção de rotina que antecede o abate dos animais, dois casos foram identificados em frigoríficos de Belo Horizonte (MG) e Nova Canaã do Norte (MT). O fato gerou um alerta no mercado. Por precaução, as exportações para a China, principal destino da carne bovina brasileira, foram suspensas no último sábado (04).
No entanto, a conclusão da investigação aponta que foram casos atípicos de EEB, que são desenvolvidos em animais mais velhos e de forma independente. Dessa forma, o Brasil não deve perder seu status sanitário de território livre da doença.
É seguro consumir carne de boi?
A OIE confirmou que o consumo de carne bovina brasileira continua seguro, apesar de casos registrados de EEB (Fonte: Pixabay/Wolfgang Claussen/Reprodução)Fonte: Pixabay/Wolfgang Claussen/Reprodução
O mal da vaca louca é uma doença degenerativa que afeta o sistema nervoso de bois, búfalos, cabras e ovelhas, podendo levá-los à morte. A doença pode ser transmitida, não tem cura nem tratamento e a prevenção é realizada com o sacrifício dos animais. O consumo de carne contaminada pode provocar a doença em humanos, causando até morte.
No entanto, isso só acontece no desenvolvimento típico da doença, quando a enfermidade é transmitida de um animal para o outro. Quando ocorre o desenvolvimento espontâneo por conta da idade da vaca, como os casos registrados recentemente no Brasil, não há riscos para a saúde animal ou humana, pois a patologia surgiu de forma isolada e foi contida.
Consequências para o mercado de carne
O Brasil é o maior exportador mundial de carne bovina (Fonte: Dipoa/SEAPDR/Reprodução)Fonte: Dipoa/SEAPDR/Reprodução
O mercado financeiro reagiu mal à notícia. Na primeira semana de setembro, enquanto as notícias eram incertas e as especulações circulavam, houve uma redução de 2,5% no preço da carne em comparação ao mesmo período de agosto, segundo o site de pesquisas Mercado Financeiro.
Com a suspensão das compras chinesas, mesmo que temporária, a tendência é que a oferta de carne bovina no mercado interno cresça e os preços caiam. Somente no mês de julho, a China importou 91 mil toneladas de proteína animal brasileira.
Para se ter uma ideia, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária estima que o consumo doméstico foi, em média, de 600 mil toneladas de carne bovina por mês em 2020. Dessa forma, o volume excedente gerado pela suspensão de compras chinesas pode elevar a oferta do produto em 15% no Brasil.