Em órbita há 22 anos e 9 meses, é natural que a Estação Espacial Internacional (ISS) comece a apresentar alguns sinais de “cansaço”. Uma reportagem feita pela agência Reuters em Moscou na segunda-feira (30) revelou que cosmonautas russos descobriram novas rachaduras, que podem ser um sinal de que o laboratório orbital esteja se aproximando do final do seu ciclo.
Falando à agência de notícia RIA Novosti, o engenheiro-chefe da controladora do programa espacial russo, Vladimir Solovyov explicou que as "fissuras superficiais foram encontradas em alguns lugares do módulo Zarya". Segundo o executivo da Energia, "isso é ruim e sugere que as fissuras começarão a se espalhar com o tempo".
Solovyov não especificou, no entanto, se as rachaduras causaram algum tipo de vazamento de ar, como o descoberto em setembro do ano passado, no segmento russo da ISS. A descoberta de fissuras confirma um pronunciamento anterior do ex-astronauta, segundo o qual muitos dos equipamentos da ISS estão começando a envelhecer. Segundo ele, pode ocorrer uma verdadeira "avalanche" de equipamentos quebrados após 2025.
Astronautas procuram vazamento no exterior da ISS (Fonte: NASA/Reprodução)Fonte: NASA
Falhas na ISS
O primeiro módulo da Estação Espacial Internacional a ser lançado foi o Zarya, em 1998, dois anos antes do início das operações no laboratório. Na época, o segmento que hoje é chamado de Bloco Funcional de Carga (FGB) fornecia espaço de armazenamento, propulsão e energia elétrica para o resto da estação durante seus estágios iniciais de montagem.
Quase 23 anos depois, a ISS tem sofrido vários incidentes nos últimos dias. No mês passado, por exemplo, autoridades russas revelaram que uma falha de software, e uma possível falha humana, foram responsáveis por deixar a estação fora de controle. O módulo de pesquisa russo Nauka teve seus propulsores a jato ligados por engano, fazendo com que o laboratório inteiro, com seus sete tripulantes, saísse momentaneamente de órbita.
A Rússia já manifestou sua intenção de lançar uma nova estação espacial orbital própria, que deve ocorrer em 2025, um ano após os acordos internacionais sobre a operação da ISS expirarem. Embora não exista ainda nenhuma diretriz explícita sobre a desocupação da estação, um funcionário da Roscosmos garantiu à AFP em abril que, tão logo tomada uma decisão, terão início as negociações "sobre formas e condições de cooperação após 2024".
O que parece é que, com a aposentadoria da ISS, também uma profícua era de colaboração internacional no espaço estará chegando ao fim. Após recusar uma parceria na futura estação orbital lunar Gateway, dos EUA, a Rússia decidiu fechar acordo com a China, em junho, para construção de uma futura Estação de Pesquisa Lunar Internacional (ILRS).
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