Uma pesquisa publicada na quarta-feira (1º) na revista científica PLOS One trouxe uma consequência inesperada do cultivo de cannabis, a planta da maconha, depois que o seu uso recreativo foi aprovado por 16 estados americanos.
Segundo ecologistas, fazendas ilegais de produção da erva estão se espalhando na costa oeste dos EUA, invadindo o habitat de três espécies nativas, devido ao uso descontrolado de pesticidas e desvios de fontes de água naturais.
A ameaça foi inicialmente detectada pelo Centro de Pesquisa de Ecologia Integral em Blue Lake, pequena cidade da Califórnia. Cofundadora da organização e uma das autoras da pesquisa, Greta Wengert, explicou que o sinal de alerta foi ligado quando mamíferos do tamanho de gatos, chamados martas-pescadoras (Pekania pennanti), passaram a morrer envenenados por raticidas.
Suspeitando que o veneno poderia ter origem em fazendas ilegais de cannabis, Wengert e seus colegas elaboraram um modelo onde poderia ocorrer o perigoso convívio entre produtores ilegais e três espécies de predadores ameaçadas: além da citada marta, também uma subespécie chamada marta-de-humboldt (Martes caurina humboldtensis) e a coruja-pintada-do-norte (Strix occidentalis caurina).
Prevendo plantações ilegais de cannabis
A equipe trabalhou com registros policiais para apurar 1.469 locais de plantações ilegais de maconha, registrados de 2007 a 2014, no norte da Califórnia e no sul do Oregon. Depois, foi feito um levantamento com as características ambientais de cada um dos locais, para a elaboração de um mapa que apontava onde as pessoas tinham maior probabilidade de cultivar a cannabis ilegalmente, cruzando esses locais com habitats adequados às três espécies.
O uso do modelo revelou que o risco de as três classes de animais serem expostas aos pesticidas tóxicos era alto. Isso porque as áreas com probabilidade de moderada a alta para cultivo de cannabis se sobrepunham a mais de 44% do habitat natural das martas-pescadoras, cerca de 48% dos habitats de corujas-pintadas e 40% dos habitats das martas-de-humboldt.
Quando a equipe elaborou um ranking com as áreas com maiores chances de hospedar culturas da árvore da maconha, 16 locais foram descobertos em regiões anteriormente desconhecidas, inclusive pela polícia, comprovando o potencial preditivo do modelo.
Ao divulgar os resultados da pesquisa para os gestores de recursos, a prioridade agora é remover, de todos os locais de cultivo, os contaminantes ambientais que ameaçam as três espécies de predadores, mas também reduzem as populações de roedores que são presas, além de expor as fontes de água a riscos de contaminação.
ARTIGO PLOS One: doi.org/10.1371/journal.pone.0256273
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