O esquecimento de coisas cotidianas, ou a chamada falta de memória, tem se tornado um problema recorrente da nossa época. E o excesso de tecnologia tem contribuído para este processo.
A grande quantidade de estímulos que recebemos dificulta o armazenamento das informações devido às disfunções nos neurotransmissores, que afetam, inclusive, um dos fatores determinantes para a memorização que é a atenção. A boa notícia é que existem meios simples e práticos de melhorar a capacidade de memorização.
Primeiro, é importante entender que a memória tem três estágios: o da Codificação, quando entra em contato com a informação; o do Armazenamento, onde cérebro guarda a informação, e o da Recuperação, que é a evocação tardia dessa informação.
Dois fatores são essenciais nessa ação: atividade física e boa alimentação.
A atividade física ajuda a configurar a motivação cerebral e deixa o cérebro mais apto para o raciocínio lógico, e a alimentação saudável também contribui para deixar o cérebro mais turbinado, com velocidade no processamento de dados e encadeamento de ideias lógicas. Há também a facilidade em usar o lobo pré-frontal coordenando e manipulando as emoções, promovendo mecanismos, métodos para o foco atencional e na emoção para a memorização.
Atividade física regular pode trazer benefícios para a memória (créditos: Pavel1964/Shutterstock)
É possível melhorar ainda mais essa habilidade? Sim. Vale destacar, inclusive, que a memória é trabalhada desde muito cedo. Nas crianças, por exemplo, as que praticam a leitura, em relação às que não praticam, a memorização de conteúdos acontece de forma muito mais fácil, uma vez que as que lêem mais, têm mais contato com coisas “novas” e já estivessem com o cérebro mais adaptado para aprender e, consequentemente, memorizar.
Quando já adulto também é possível favorecer a memorização com hábitos simples, como:
- Escutar música clássica, sem muita mistura de instrumentos, música que não tire o foco, mas possa dividir a atenção de forma suave, de maneira que aumente o foco na aprendizagem;
- Dormir de noite, não de madrugada, oito horas por dia, e evitar luzes diante dos olhos antes de dormir;
- Ler de forma fracionada, por curtos períodos de tempo, mas com frequência. As sinapses crescem à noite, durante o sono, por isso vale mais, por exemplo, estudar aos poucos todos os dias;
- Evitar distrações — para isso, desligue tudo o que tiver ao redor, coloque telefone celular em modo avião e se recolha para aumentar a concentração;
- Leitura de 20 minutos antes de dormir pode facilitar a consolidação da memória;
- Crie na imaginação histórias do que pretende memorizar;
- Associe o que quer memorizar com algo que já é do seu conhecimento.
Para saber muito mais sobre memórias e dicas, leia o artigo disponível em: brazilianjournals.com/index.php/BRJD/article/view/22388 e faça a neuroplasticidade cerebral para uma melhor memorização.
Fabiano de Abreu Rodrigues, colunista do TecMundo, é doutor e mestre em Ciências da Saúde nas áreas de Neurociências e Psicologia, com especialização em Propriedades Elétricas dos Neurônios (Harvard), programação em Python na USP e em Inteligência Artificial na IBM. Ele é membro da Mensa International, a associação de pessoas mais inteligentes do mundo, da Sociedade Portuguesa e Brasileira de Neurociência e da Federação Europeia de Neurociência. É diretor do Centro de Pesquisas e Análises Heráclito (CPAH), IPI Intel Technology e considerado um dos principais cientistas nacionais para estudos de inteligência e alto QI.