O centro de estudos de produção de energia Ember publicou, em agosto, um relatório sobre a utilização de energia solar na União Europeia (UE), cujos resultados são de dar inveja ao Brasil: nos meses de verão no hemisfério norte, 10% de toda a energia produzida pelos 27 países do bloco econômico vieram de fontes fotovoltaicas.
O resultado foi considerado promissor, levando em conta que os painéis solares sempre geraram menos eletricidade do que as usinas de carvão, mesmo durante os meses de pico do verão.
No entanto, mesmo com os novos recordes de produção de energia em oito países, esse percentual precisa dobrar para que as metas de redução de 55% das emissões de gases de efeito estufa sejam atingidas até 2030 na Europa.
Entre os países com maior produção de energia solar, Holanda, Alemanha e Espanha lideram as três primeiras posições, conseguindo obter 16% de sua eletricidade através dessa fonte limpa e renovável. No caso da Holanda, o crescimento foi ainda mais notável, pois o país elevou a sua produção de energia solar, de 7% do mix energético total em 2018, para os atuais 17%, o "topo da liga" em 2021.
Crescimento da produção de energia solar na Comunidade Europeia (Fonte: Ember/Divulgação.)Fonte: Ember
O crescimento da energia solar na Europa
A Ember registrou que os picos de geração de energia solar que historicamente ocorrem na UE durante os meses de junho e julho estão ficando cada vez maiores. Nesses dois meses do verão deste ano, os painéis solares foram responsáveis por uma produção recorde de energia: 39 terawatt-hora (TWh), contra 28 TWh no mesmo período em 2018.
Além disso, o crescimento está também mais acelerado: a produção de energia solar teve um aumento de 5,15 TWh nos meses de junho-julho de 2021 quando comparado ao produzido em 2020, e crescimento de 3,1 TWh no período 2019-2020. Apesar dos bons resultados, pondera a Ember, a geração de eletricidade via painéis solares ainda se mostra inferior à gerada pelas usinas de carvão, que foi de 14% em junho-julho de 2021, ou 58 TWh.
O segredo do avanço da energia solar na Europa pode servir de lição a países como o Brasil, que tem luz solar abundante o ano inteiro: incentivo econômico para baratear o custo dos painéis solares. Na Alemanha, Reino Unido, Itália, França e Espanha, o custo da energia solar é metade da produzida por usinas de carvão.
O líder europeu da Ember, Charles Moore, afirma que "o custo da energia solar despencou na última década e estamos vendo os primeiros sinais da revolução solar na Europa em países como Espanha, Holanda, Hungria e até mesmo na Polônia, que tem forte dependência ao carvão". No entanto, um caminho muito longo ainda deve ser percorrido até que a fonte solar forneça efetivamente mais energia do que os combustíveis fósseis, concluiu o analista.
Redução dos preços da energia solar e eólia na União Europeia (Fonte: Ember/Divulgação)Fonte: Ember
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