Um caso revelado pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês) — agência de Saúde dos Estados Unidos — na última sexta-feira (27), tem assombrado pais cujos filhos já voltaram à escola: uma professora não vacinada retirou a máscara para ler para as crianças do primário durante a aula — e infectou mais da metade delas com o novo coronavírus.
Ao todo, 27 pessoas foram infectadas no surto, ao menos 18 com a variante delta.
O caso ocorreu em maio, na Califórnia, mas só veio a público na última semana. Segundo o relato da investigação, a professora presumiu que seus sintomas — tosse, febre baixa, congestão nasal, fadiga e dor de cabeça — indicavam alergia e não infecção, e foi para a escola normalmente. Na sala de aula de 22 alunos, 12 foram infectados, incluindo oito dos 10 alunos das duas primeiras fileiras.
Segundo o relatório, "a escola exigia que professores e alunos usassem a máscara; entrevistas com pais de alunos infectados sugeriram a adesão dos alunos às diretrizes de uso de máscaras e distanciamento de acordo com as recomendações do CDC. No entanto, a professora teria retirado a máscara em ocasiões de leitura em voz alta na sala de aula".
O relatório do CDC continua: "Ao longo desse período, todas as mesas foram separadas por 1,8 metro. Todas as salas de aula tinham filtros de ar de partículas de alta eficiência e as portas e janelas foram deixadas abertas". Mesmo assim, não foi suficiente para proteger as crianças da exposição ao vírus e decorrente contaminação.
Embora ninguém tenha ficado gravemente doente e todos tenham se recuperado totalmente, o caso acende o alerta sobre a falta de vacinação e o uso inadequado de máscaras. A orientação do CDC para escolas coloca a vacinação como a forma principal de proteção. "Promover a vacinação pode ajudar as escolas a retornar com segurança ao aprendizado pessoal, bem como às atividades extracurriculares e esportes,” afirma o documento.
90% das pessoas internadas atualmente em hospitais com covid-19 no condado de Marin, em que a ocorrência foi registrada, não foram vacinadas. Muitas têm entre 30 e 50 anos. Segundo a Dra. Lisa Santora, vice-oficial de saúde local, em entrevista à CNN, o caso da escola primária foi um aviso ao condado de que a variante delta tornará mais difícil a prevenção de surtos da doença.
No caso da escola da Califórnia, o CDC ressaltou que as crianças infectadas pela professora infectaram colegas e parentes também. Segundo a agência, como crianças menores de 12 anos não são elegíveis para a vacinação, o que pode auxiliar em sua segurança é que os adultos ao seu redor sejam vacinados, o que minimiza o risco de exposição ao vírus.
Os especialistas concluíram que o impacto do surto na comunidade pode ter sido limitado graças à alta taxa de vacinação do condado — uma das melhores da Califórnia: quando o surto ocorreu, 72% das pessoas elegíveis já haviam sido totalmente vacinadas.
Como novas evidências dão conta de que a variante delta tem alta transmissibilidade mesmo entre pessoas totalmente vacinadas, o CDC apoia a recomendação para o uso de máscara por todos nas escolas. "O uso adequado de máscara, testes de rotina, ventilação e permanência em casa enquanto sintomático são importantes para garantir uma instrução escolar segura" concluiu o CDC.
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