Aparentemente o asteroide que dizimou os dinossauros e 75% das espécies animais na Terra há 66 milhões de anos, encerrando a Era Mesozoica, veio da metade externa do cinturão de asteroides principal do sistema solar. O achado é de uma nova pesquisa do Southwest Research Institute (SwRI), no Texas (Estados Unidos).
O asteroide de largura estimada em 9,6 quilômetros produziu uma cratera de 145 quilômetros (Chicxulub) que existe até hoje na península de Iucatã, no México.
Asteroide que exterminou dinossauros teve seu provável trajeto mapeadoFonte: Mia von Steinkirch/Pexels
A região de provável origem do asteroide era conhecida pelos cientistas por produzir poucos asteroides massivos causadores de impactos, mas os pesquisadores do SwRI demonstraram que os processos que enviam grandes asteroides dessa região à Terra ocorrem pelo menos 10 vezes mais do que se pensava anteriormente – e a composição desses objetos corresponde à do asteroide exterminador de dinossauros.
Segundo o William Bottke, um dos responsáveis pela pesquisa, duas questões críticas e ainda sem resposta sobre o impacto que dizimou os dinossauros são: "qual a fonte do asteroide?" e "qual a frequência desses impactos na Terra no passado?". Em busca dessas respostas, os cientistas examinaram amostras de rochas de 66 milhões de anos e os resultados indicam que o asteroide era semelhante à classe dos meteoritos condritos carbonáceos, um dos materiais mais primitivos do sistema solar.
Segundo os cientistas, no entanto, embora os condritos carbonáceos sejam comuns entre os corpos de muitos quilômetros de largura que se aproximam da Terra, nenhum hoje está perto dos tamanhos necessários para produzir o impacto do Chicxulub com qualquer tipo de probabilidade razoável. E foi por isso que os pesquisadores decidiram procurar onde os irmãos do causador do impacto de Chicxulub podem estar escondidos.
Os detalhes do novo estudo foram publicados na versão digital do periódico científico Icarus em julho.
Analisando asteroides
A equipe de pesquisadores usou modelos de computador que rastreiam como esses corpos escapam do cinturão de asteroides – uma zona de pequenos corpos localizada entre as órbitas de Marte e Júpiter. Ao longo de eras, as forças térmicas permitem que esses objetos escapem e sejam empurrados pela gravidade dos planetas, que os enviam para órbitas próximas da Terra.
O cinturão de asteroides estudado, entre Marte e Júpiter, em representação da NASA.Fonte: NASA/McREL
Os cientistas acompanharam 130.000 modelos de asteroides evoluindo dessa maneira lenta e constante por centenas de milhões de anos utilizando o supercomputador Pleaides, da NASA. Eles focaram nos corpos localizados na metade externa do cinturão de asteroides, a parte que está mais longe do sol. Foi quando descobriram que os asteroides de quase dez quilômetros de largura advindos desta região atingem a Terra pelo menos dez vezes mais do que o calculado anteriormente.
"Este resultado é intrigante não apenas porque a metade externa do cinturão de asteroides abriga um grande número de impactadores condritos carbonosos, mas também porque as simulações da equipe podem, pela primeira vez, reproduzir as órbitas de grandes asteroides prestes a se aproximar da Terra", explicou, em comunicado à imprensa do instituto a coautora do artigo, a cientista Simone Marchi.
A equipe descobriu que asteroides de cerca de 10 quilômetros de largura atingiram a Terra uma vez a cada 250 milhões de anos em média, uma escala de tempo que oferece chances razoáveis de que a cratera Chicxulub tenha mesmo ocorrido há 66 milhões de anos. Além disso, quase metade dos impactos foram de condritos carbonáceos, uma boa combinação sobre o que se sabe do asteroide que impactou Chicxulub.
ARTIGO Icarus: doi.org/10.1016/j.icarus.2021.114621
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