Um paciente morreu na Guiné, na semana passada, de uma doença causada por um vírus raro, altamente infeccioso e mortal. É a primeira vez que a chamada doença do vírus de Marburg (MVD) é confirmada oficialmente por autoridades de saúde da prefeitura de Gueckedou, no sul do país africano, local onde o mais recente surto de ebola foi declarado extinto há menos de dois meses.
O vírus de Marburg (MARV) já é conhecido dos cientistas desde 1967, quando foi inicialmente descrito na cidade alemã do qual leva o nome. Desde então, houve 12 grandes surtos da doença, principalmente no sul e no leste da África. O novo caso detectado na Guiné na semana passada ocorre em um momento em que o país se livrou do vírus Ebola, mas encara a terceira onda de casos da covid-19.
Ilustração mostra o vírus de Marburg (créditos: decade3d/Shutterstock)
Como as doenças apresentam sintomas parecidos, o paciente falecido buscou inicialmente uma clínica em Koundou pensando se tratar de ebola, mas sua condição piorou rapidamente. Após a morte, analistas do laboratório nacional de febre hemorrágica da Guiné e do Instituto Pasteur do Senegal confirmaram o diagnóstico de vírus de Marburg.
Sintomas da doença do vírus de Marburg
A transmissão da MVD tem início quando um animal infectado, como um macaco ou morcegos frugívoros, passam o vírus para um ser humano. A partir daí, o patógeno se espalha de pessoa para pessoa através de contato com os fluidos corporais do infectado. No entanto, são casos extremamente raros, com o último grande surto registrado em Angola em 2005, quando a doença matou 329 pessoas dos 374 casos.
A doença é grave e geralmente fatal, com sintomas que incluem dor de cabeça, febre, dores musculares, vômitos com sangue, e sangramento em orifícios corporais. Ainda não existe um tratamento formal para a MVD, embora os médicos assumam que beber bastante água e tratar dos sintomas específicos pode aumentar as chances de sobrevida dos pacientes.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) emitiu uma declaração sobre a doença do vírus de Marburg, afirmando que "as taxas de letalidade variaram de 24% a 88% em surtos anteriores, dependendo da cepa do vírus e do manejo do caso". Segundo a agência internacional, surtos e casos esporádicos já foram relatados em países da África como Angola, República Democrática do Congo, Quênia, África do Sul e Uganda.
O combate à ameaça do vírus de Marburg
Fonte: OMS/DivulgaçãoFonte: OMS
Em uma resposta rápida para impedir a propagação do vírus, a diretora regional da OMS para a África, Matshidiso Moeti, declarou à imprensa que a agência internacional está "trabalhando com as autoridades de saúde para implementar uma resposta rápida que se baseie na experiência e expertise anteriores da Guiné no gerenciamento do Ebola, que é transmitido de forma semelhante”.
De acordo com a médica botsuanense, o grande potencial de contágio do MARV "significa que precisamos detê-lo em suas trilhas". O governo da Guiné afirmou que está trabalhando com seus parceiros para fazer um rastreamento de contatos, a fim de localizar rapidamente qualquer pessoa que tenha estado com o homem confirmado com a doença.
Também medidas educativas estão sendo adotadas, visando esclarecer à população sobre a letalidade da doença que, diferentemente da ebola, ainda não tem uma vacina e está sendo registrada no país pela primeira vez. A OMS garante que está com uma equipe de especialistas em doenças infecciosas na região, e que a vigilância transfronteiriça tem sido reforçada para evitar que o vírus Marburg migre para países vizinhos.
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