Para comemorar os dez anos da missão espacial Juno, a NASA fez uma nova imagem em infravermelho da lua de gelo Ganimedes em 20 de julho. O maior satélite do sistema solar, maior inclusive do que o planeta Mercúrio, orbita Júpiter em conjunto com outras três luas principais, descobertas por Galileu Galilei no início do século XVII: Io, Europa, e Calisto.
A imagem de Ganimedes foi feita pelo instrumento Jovian Infrared Auroral Mapper (JIRAM), que fica a bordo da espaçonave Juno, da NASA. Ela faz parte de um mapa infravermelho que combina dados de três sobrevoos da lua gigante, incluindo o que foi realizado em 20 de julho.
A nova imagem da lua Ganimedes.Fonte: NASA / JPL-Caltech / SwRI / ASI / INAF / JIRAM
O JIRAM consegue fotografar ao seu redor em luz infravermelha não visível ao olho humano, o que o torna capaz de fornecer novas informações sobre a superfície gelada de Ganimedes e a composição do oceano de água líquida que fica logo abaixo. O mapeador foi projetado para capturar a luz infravermelha que emerge das profundezas de Júpiter, mas também está sendo utilizado para estudar as luas de Galileu.
“O infravermelho e outros dados coletados pela Juno durante o sobrevoo contêm pistas fundamentais para a compreensão da evolução das 79 luas de Júpiter desde o momento de sua formação até hoje”, afirmou Scott Bolton, do Instituto de Pesquisa Southwest, em Santo Antonio, no Texas (Estados Unidos), em comunicado da NASA.
Descobrindo Ganimedes
Para fazer a última imagem do mapa, Juno chegou a cerca de 50 mil quilômetros de Ganimedes. Durante os voos anteriores, em 7 de junho de 2021 e 26 de dezembro de 2019, o orbitador movido a energia solar chegou a 1.046 quilômetros e 100 mil quilômetros, respectivamente.
As três geometrias observacionais forneceram uma oportunidade para o JIRAM ver a região polar norte da lua pela primeira vez, bem como comparar a diversidade de sua composição entre as latitudes baixas e altas.
Ganimedes é a única lua no sistema solar com seu próprio campo magnético. Aqui na Terra, ele fornece um caminho para o plasma (partículas carregadas) do Sol entrar em nossa atmosfera e criar auroras. Como Ganimedes não tem atmosfera para impedir o progresso das partículas, a superfície em seus polos é constantemente bombardeada por plasma da magnetosfera de Júpiter.
“Encontramos altas latitudes de Ganimedes dominadas por gelo de água, com tamanho de grão fino, que é o resultado do intenso bombardeio de partículas carregadas”, explicou Alessandro Mura, co-investigador de Juno do Instituto Nacional de Astrofísica de Roma.
Já nas latitudes baixas, protegidas pelo campo magnético da lua, se encontra mais de sua composição química original, de outros constituintes do gelo, como sais e compostos orgânicos. "É extremamente importante caracterizar as propriedades únicas dessas regiões geladas para entender melhor os processos de intemperismo espacial que a superfície sofre”, afirmou Mura.
Sonda espacial Juno
A sonda espacial Juno foi lançada pela NASA da Estação da Força Aérea de Cabo Canaveral, na Flórida, em 5 de agosto de 2011 e levou cinco anos para percorrer 2.800 milhões de quilômetros até chegar a Júpiter, em 4 de julho de 2016.
A espaçonave possui três pás gigantes, de cerca de 20 metros, saindo de seu corpo cilíndrico de seis lados. Ela gira para se manter estável enquanto faz órbitas ovais ao redor de Júpiter e pode ser vista neste mapa interativo do sistema solar em tempo real, disponibilizado pela NASA.
“Desde o lançamento, Juno executou mais de 2 milhões de comandos, orbitou Júpiter 35 vezes e coletou cerca de três terabits de dados científicos”, contou o gerente de projeto Ed Hirst do Laboratório de Propulsão a Jato (JPL) da NASA.
“Estamos entusiasmados com a nossa exploração contínua de Júpiter e há muito mais por vir. Iniciamos nossa missão estendida e esperamos 42 órbitas adicionais para explorar o sistema de Júpiter”, afirmou.
Próximos passos de Juno
A missão estendida deve continuar até setembro de 2025, incluindo passagens próximas dos ciclones do polo norte de Júpiter, sobrevoos das luas Europa e Io (junto com Ganimedes), bem como a primeira exploração dos anéis que cercam o planeta.
Juno deve descobrir mais sobre a estrutura interna de Júpiter, seu campo magnético interno, sua atmosfera (incluindo ciclones polares, atmosfera profunda e aurora) e magnetosfera.
As futuras missões para sobrevoar Ganimedes incluem a missão JUICE da Agência Espacial Europeia (ESA), que explorará as luas geladas de Júpiter com ênfase na lua gelada e o Europa Clipper da NASA, que se concentrará na lua vizinha Europa.
Fontes
Categorias