O astrofísico Avi Loeb, da Universidade Harvard (Estados Unidos), criou uma iniciativa para buscar vestígios de tecnologia extraterrestre no Sistema Solar. Chamado de Galileo Project, o esforço pretende usar telescópios existentes e outros atualmente em construção para procurar no espaço possíveis artefatos de civilizações avançadas, bem como identificar uma eventual visita de objetos interestelares — naturais ou fabricados.
O projeto também foi fundado por Frank Laukien, CEO da Bruker Corporation — fabricante de equipamentos científicos. Segundo os idealizadores, a comunidade científica precisa determinar, de forma sistemática e transparente, possíveis evidências de origem alienígena no Universo relativamente próximas da Terra.
Esse posicionamento foi despertado após a liberação de um relatório das Forças Armadas dos EUA sobre fenômenos aéreos não identificados e por conta da detecção do Oumuamua, objeto que alguns cientistas teorizaram ser um aparato tecnológico extraterrestre.
Propriedades físicas do Oumuamua levantaram a hipótese de ele ser um objeto tecnológico extraterrestreFonte: European Southern Observatory/Reprodução
Ele destaca que qualquer descoberta de tecnologia não terráquea trará um grande impacto na ciência e na visão de mundo como um todo. Nesse contexto, Loeb ganhou notoriedade com a publicação do livro "Extraterrestrial: The First Sign of Intelligent Life Beyond Earth" (extraterrestre: o primeiro sinal de vida inteligente além da Terra), produto que levou diversas pessoas e empresas a procurá-lo para oferecerem financiamento no desenvolvimento de sua pesquisa.
Assim, o Galileo Project já recebeu doações que chegam a quase US$ 2 milhões, valor que o estudioso diz ser suficiente para avançar seu trabalho. O projeto já formou uma equipe composta por astrônomos de várias instituições e pesquisadores de outras áreas relacionadas.
A próxima etapa será a de implementar dezenas de telescópios, radares e sensores infravermelhos em posições estratégicas ao redor do globo para examinar os céus em busca de tecnologia alienígena. Esses aparelhos podem elaborar imagens de alta qualidade e descobrir a natureza de objetos, e deve trabalhar em conjunto com outros projetos relacionados à busca de vida em outras partes do Universo — como o Project Phoenix e Breakthrough Listen.
A iniciativa Galileo Project buscará vestígios de tecnologia alienígena no Sistema SolarFonte: Universidade Harvard/Reprodução
Isso faz com que a iniciativa atue como uma ferramenta adicional para equipamentos que analisam sinais de rádio de baixa frequência, captados por radiotelescópios terrestres. A riqueza do conjunto de dados pode promover descobertas ou, pelo menos, melhores explicações científicas para novos objetos interestelares com propriedades anômalas, bem como serem utilizados na identificação de fenômenos atmosféricos naturais em potencial.
A história do Oumuamua
Astrônomos identificaram em 2017 o primeiro objeto interestelar que visitou o Sistema Solar, através do telescópio havaiano Pan-STARRS 1. Ele viaja pelo espaço há milhões de anos — conforme observações da NASA, Hubble e do Very Large Telescope, no Chile — e possui propriedades altamente fora do comum daquelas observadas em outros tipos de corpos, tendo um tom avermelhado e escuro, composição metálica e estrutura alongada, com cerca de 400 metros de comprimento.
Essas características geraram a hipótese de ele ser um objeto tecnológico extraterrestre, com rápida movimentação. A velocidade seria resultado do aquecimento solar em sua superfície estranha, liberando gases e formando um rastro típico de cometas.
Loeb aponta que estudar esses tipos de objetos podem revelar uma possível existência de civilizações inteligentes fora da Terra, e para provar isso espera conseguir trabalhar com empresas e agências espaciais em missões rumo a um eventual encontro com um artefato de origem alienígena.
Categorias