O presidente norte-americano Joe Biden anunciou na quinta-feira (5) um ousado plano para reduzir a emissão de gases poluentes. O mandatário assinou uma ordem executiva que estabeleceu como meta um aumento significativo nas vendas de carros elétricos e híbridos, que devem representar pelo menos metade das vendas de veículos nos Estados Unidos até 2030.
A ordem foi assinada na Casa Branca, com a presença de representantes das empresas Ford, GM e Stellantis, e membros de sindicatos de trabalhadores do setor.
O presidente americano Joe Biden durante campanha presidencial em 2019 (crédito: Paris Malone/Shutterstock)
Além dos benefícios para o meio ambiente, o objetivo do presidente americano também é competir com outros países (especialmente a China e nações da Europa) que estão investindo pesado no segmento de carros elétricos. Biden também quer incentivar a indústria local e garantir que o país vai liderar essa nova tendência a partir de agora.
Mas qual é a real importância dos carros elétricos no contexto ambiental e climático? E o que significa para a indústria automobilística essa decisão de adotar os carros elétricos, especialmente no país norte-americano?
Mais carros elétricos, menos poluição
É um erro acreditar que os carros elétricos não contribuem para a emissão de gases poluentes. Contudo, quando comparado à veículos cujo motor está baseado na queima de combustíveis fósseis, os veículos movidos a eletricidade poluem até 68% menos. Esse é o resultado de um estudo recente que analisou desde a produção dos carros nas fábricas até o descarte dos componentes.
Assim, A declaração de Biden pode ser entendida como um grande esforço para diminuir o impacto ambiental do país. A iniciativa foi bem recebida por fabricantes como Honda, Volkswagen, Volvo e BMW, empresas que possuem em sua frota muito mais veículos elétricos do que as marcas de Detroit – considerado o berço da indústria automobilística americana.
Já as três grandes fabricantes locais – GM, Ford e Stellantis (atual dona da Chrysler) – demonstraram preocupação. Embora tenham anunciado um plano comum de alcançar entre 40% e 50% de carros elétricos vendidos de suas frotas até 2030, expressaram que essa mudança só poderá ser alcançada com inventivos para os consumidores e melhorias na infraestrutura, especialmente na rede de recarga dos veículos.
Qual é o impacto da decisão?
Um dos maiores desafios para os Estados Unidos (e outros países) e preparar a infraestrutura para receber os veículos elétricos (Fonte: Pexels/Divulgação)Fonte: Pexels
Embora os Estados Unidos sejam a casa da Tesla – a maior fabricante de carros elétricos do mundo –, essa mudança em menos de nove anos é bastante ousada. De acordo com os especialistas, o maior problema é fazer com que os motoristas adotem os veículos elétricos, já que os americanos demonstram uma aceitação menor do que os consumidores europeus e chineses.
A Agência Internacional de Energia americana revelou que os carros elétricos representaram apenas 2% das vendas totais de veículos nos EUA em 2020. Nesse mesmo período, a Europa vendeu 10% de carros movidos a eletricidade ou híbridos, seguido de perto pela China, segundo maior mercado para o segmento. No primeiro trimestre de 2021, as vendas globais dessa categoria aumentou cerca de 140% em comparação com o mesmo período de 2020, impulsionado exatamente pelos compradores chineses e europeus.
No Brasil, ainda há poucas opções de carros elétricos disponíveis e poucos incentivos da parte do governo federal. Para que o impacto dos veículos movidos a eletricidade seja realmente sentido por aqui, seria preciso uma decisão tão ousada quanto a do presidente Biden – que precisará batalhar bastante para conseguir cumprir a meta.
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