Descontaminação de máscaras N95 pode reduzir lixo da pandemia, diz estudo

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Imagem: Pordee_Aomboon/Shutterstock

Até o início da pandemia de coronavírus, em 2020, o uso das máscaras de proteção facial PFF2 (ou N95, o padrão americano) estava quase totalmente restrito a profissionais da área da saúde. Com a disseminação do vírus SARS-CoV-2, as máscaras faciais passaram a fazer parte do nosso dia a dia.

A demanda pelas máscaras profissionais, como as PFF2 e N95 descartáveis, ficou muito alta, e consequentemente o lixo gerado por esse uso cresceu. Agora, pesquisadores buscam uma maneira de reduzir os impactos desses resíduos sobre o ambiente.

Máscara KN95 descartávelMáscara KN95 descartávelFonte: Markus Winkler/Unsplash

Estima-se que a pandemia esteja gerando até 7.200 toneladas de lixo hospitalar no mundo todos os dias — em grande parte, máscaras descartáveis. Mesmo que a pandemia desacelere, profissionais de saúde devem continuar usando máscaras na maior parte do tempo.

Estudos recentes mostram que o uso de máscaras, o distanciamento físico entre as pessoas, a boa ventilação dos ambientes e a higiene das mãos podem diminuir (e muito!) a transmissão do coronavírus.

Mas o que fazemos com o lixo? Segundo um novo estudo do MIT, publicado neste mês no periódico científico BMJ, o lixo poderia ser drasticamente reduzido com a adoção de máscaras reutilizáveis esterilizadas.

Descontaminar as máscaras N95 para que os profissionais de saúde possam usá-las por mais de um dia reduz os custos e o dano ambiental em pelo menos 75% se comparado com o uso de uma máscara nova para cada encontro com um paciente.

"Talvez sem surpresa, as abordagens que incorporam aspectos reutilizáveis representam não apenas a maior economia de custos, mas também uma redução significativa de resíduos", disse Giovanni Traverso, professor assistente de engenharia mecânica do MIT, gastroenterologista do Brigham and Women's Hospital em Boston, Massachusetts e autor sênior do estudo, em comunicado à imprensa.

Jacqueline Chu, médica do Massachusetts General Hospital, é a principal autora do estudo, que também descobriu que as máscaras de silicone N95 totalmente reutilizáveis podem oferecer uma redução ainda maior no desperdício.

Reduzir e reutilizar máscaras

No ano passado, Traverso e a equipe começaram a desenvolver uma máscara N95 reutilizável feita de silicone e que contém um filtro N95 que pode ser descartado ou esterilizado após o uso. Essas máscaras são projetadas para que possam ser esterilizadas com calor ou água sanitária e reutilizadas várias vezes, mas ainda não estão disponíveis comercialmente.

“Nossa visão era que, se tivéssemos um sistema reutilizável, poderíamos reduzir o custo. A maioria das máscaras descartáveis também tem um impacto ambiental significativo e demoram muito para se degradar. Durante uma pandemia, é uma prioridade proteger as pessoas do vírus e isso continua sendo prioridade, mas a longo prazo, temos que recuperar o atraso e fazer a coisa certa, e considerar fortemente e minimizar o potencial impacto negativo sobre o meio ambiente", disse o professor.

Máscaras e seu descarte: problema ambiental

A equipe do MIT decidiu modelar os impactos do uso de máscaras em vários cenários, que abrangiam padrões de uso antes e durante a pandemia, incluindo: uma máscara N95 por contato com o paciente; uma máscara N95 por dia; reutilização de máscaras N95 por meio de descontaminação ultravioleta; reutilização de máscaras N95 por esterilização com peróxido de hidrogênio e uma máscara cirúrgica por dia.

máscaras descartáveisFonte: Freepik

Eles também modelaram o custo potencial e o desperdício gerado pela máscara de silicone reutilizável que está sendo desenvolvida pelo time e poderia ser usada com filtros N95 descartáveis ou reutilizáveis.

De acordo com a análise, se cada profissional de saúde nos Estados Unidos usasse uma nova máscara N95 para cada paciente em seis meses, o número total de máscaras necessárias seria de cerca de 7,4 bilhões, o que custaria 6,4 bilhões de dólares e geraria 84 milhões de quilos de resíduos (o equivalente a 252 aviões Boeing 747).

Por outro lado, qualquer estratégia com máscaras reutilizáveis levaria a uma redução significativa em custos e resíduos gerados. Se cada profissional de saúde reutilizasse máscaras N95 descontaminadas com peróxido de hidrogênio ou luz ultravioleta, os custos cairiam para cerca de 1,5 bilhão de dólares, resultando em 13 a 18 milhões de quilos de resíduos (o equivalente a algo entre 39 e 56 aviões 747).

Os números poderiam ser reduzidos ainda mais com uma máscara reutilizável de silicone N95 — especialmente se os filtros fossem reutilizáveis. Em seis meses, a máscara poderia reduzir os custos para apenas 18 milhões de dólares e o lixo para 1,6 milhão de quilos (cerca de 2,5 Boeings 747).

“As máscaras vieram para ficar no futuro próximo, por isso é fundamental que incorporemos a sustentabilidade em seu uso, bem como o uso de outros equipamentos de proteção individual descartáveis que contribuem para o lixo hospitalar”, disse Chu. Os cálculos da pesquisa não incluem o uso de máscaras pelo público em geral.

Artigo BMJ: doi: 10.1136/bmjopen-2021-048687

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