Com o avanço da vacinação em países desenvolvidos e a escassez de vacinas nos países em desenvolvimento, qual a real necessidade de vacinar crianças, uma vez que o grupo possui chances menores — embora reais — de desenvolver a forma grave da doença? Cientistas ajudaram a responder a esta dúvida em um artigo publicado recentemente pela revista Nature.
Em 19 de julho, conselheiros no Reino Unido recomendaram adiar a vacinação para a maioria dos jovens com menos de 16 anos, citando taxas muito baixas da forma grave da doença na faixa etária. Mas vários países, como os Estados Unidos e Israel, seguem vacinando seus jovens.
Quem está certo sobre a vacinação infantil?
Embora as chances de mortes por covid-19 em crianças sejam reduzidas, a síndrome pós-covid — que inclui uma série de sintomas que podem durar meses, mesmo após um caso leve da doença — pode atingir também crianças, alertou Adam Ratner, especialista em doenças infecciosas pediátricas da Universidade de Nova York.
Um número muito pequeno de crianças pode ainda desenvolver a Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica (SIM-P), que tem sintomas graves, após a covid-19.
Mas a forma grave da doença, mortes e até mesmo a covid-19 longa são raros entre adolescentes e crianças saudáveis. "E em breve quase todos os adultos vulneráveis terão recebido duas doses da vacina", lembrou o pediatra da Universidade de Bristol, Adam Finn, em uma coletiva de imprensa.
Há pediatras preocupados com a coinfecção de crianças com o vírus causador da covid-19, o SARS-CoV-2, e outros vírus comuns, como o vírus sincicial respiratório, uma das causas do resfriado comum, que pode, raramente, causar doença respiratória grave em crianças pequenas. "Com a redução do distanciamento social, já há sinais de que as infecções por vírus sincicial respiratório em crianças estão aumentando", disse Danilo Buonsenso, pediatra do Hospital Universitário Gemelli, em Roma.
É seguro vacinar crianças?
Algumas vacinas foram testadas em jovens com mais de 12 anos, incluindo vacinas de RNA mensageiro feitas pela Moderna e Pfizer/BioNTech e duas vacinas chinesas — Sinovac e Sinopharm. Todas foram consideradas seguras em estudos clínicos. Países como Estados Unidos, Israel e China já estão oferecendo vacinas para a faixa etária. Em breve outros estudos devem relatar resultados em jovens com mais de 12 anos, incluindo os das vacinas Zydus Cadila e Covaxin, ambas fabricadas na Índia.
Até o momento, os imunizantes parecem ser seguros em adolescentes — e algumas empresas estão realizando testes clínicos em crianças a partir dos 6 meses de idade. Segundo a pediatra Andrea Shane, da Emory University, em Atlanta, na Geórgia, os Estados Unidos devem disponibilizar vacinas para menores de 12 anos ainda neste ano.
Mas existe uma ligação potencial entre a vacina da Pfizer e inflamações leves no coração — miocardite e pericardite —, aventada desde que Israel e os Estados Unidos começaram a vacinar jovens. Pesquisadores ainda não estabeleceram se a vacina causou a inflamação e a maioria das pessoas afetadas se recuperou, algumas delas sem precisar de medicamentos.
Dados sugerem que o risco de desenvolver as condições é "extremamente baixo", cerca de 67 casos por milhão de segundas doses em adolescentes do sexo masculino com idade entre 12 e 17 anos e 9 por milhão em adolescentes do sexo feminino na mesma faixa etária, segundo o pediatra David Pace, da Universidade de Malta, no povoado de Msida.
Vacinar ou não vacinar crianças?
“Em um nível populacional, adolescentes vacinados podem resultar em uma redução na transmissão para idosos vulneráveis”, disse Pace.
Para Catherine Bennett, epidemiologista da Deakin University de Melbourne, na Austrália, dados mostram que crianças e adolescentes podem desempenhar um papel significativo na transmissão do coronavírus — e as preocupações com a transmissão estão crescendo à medida que novas variantes do coronavírus surgem.
É possível que variantes mais transmissíveis desenvolvam uma maneira de ultrapassar a resposta imunológica dos jovens e os tornem mais resistentes à infecção, disse Bennett — o que torna ainda mais importante a vacinação. “Você só precisa de uma população mal vacinada para gerar variantes globais”, disse a cientista. Para ela, com as esperanças de alcançar a imunidade coletiva por meio da imunização diminuindo, países precisam fazer o que puderem para manter a transmissão baixa.
Mas o plano de vacinar jovens esbarra na necessidade de imunização global e na dificuldade dos países menos favorecidos em conseguir doses para imunizar a população economicamente ativa.
Em maio, o chefe da Organização Mundial da Saúde - OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, disse que os países mais ricos que estão vacinando crianças estão fazendo isso às custas dos profissionais de saúde e grupos de alto risco em outros países. Defensores da vacinação de jovens, no entanto, argumentam que não precisa ser um caso ou outro, apenas seria preciso melhorar a distribuição e doação de doses.
Embora as chances de mortes por covid-19 em crianças sejam reduzidas, a síndrome pós-covid — que inclui uma série de sintomas que podem durar meses, mesmo após um caso leve da doença — pode atingir também crianças, alertou Adam Ratner, especialista em doenças infecciosas pediátricas da Universidade de Nova York.
Um número muito pequeno de crianças pode ainda desenvolver a Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica (SIM-P), que tem sintomas graves, após a covid-19.
Mas a forma grave da doença, mortes e até mesmo a covid-19 longa são raros entre adolescentes e crianças saudáveis. "E em breve quase todos os adultos vulneráveis terão recebido duas doses da vacina", lembrou o pediatra da Universidade de Bristol, Adam Finn, em uma coletiva de imprensa.
Há pediatras preocupados com a coinfecção de crianças com o vírus causador da covid-19, o SARS-CoV-2, e outros vírus comuns, como o vírus sincicial respiratório, uma das causas do resfriado comum, que pode, raramente, causar doença respiratória grave em crianças pequenas. "Com a redução do distanciamento social, já há sinais de que as infecções por vírus sincicial respiratório em crianças estão aumentando", disse Danilo Buonsenso, pediatra do Hospital Universitário Gemelli, em Roma.
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