Júpiter, o maior planeta do Sistema Solar, pode ter centenas de luas orbitando ao seu redor — ele possui um campo gravitacional substancial, que lhe permite capturar detritos espaciais em sua órbita. Atualmente, sabemos que o planeta hospeda pelo menos 79 luas; número que continua a crescer, já que o astrônomo amador Kai Ly acaba de fazer uma nova adição ao catálogo do grupo Carme de satélites Jupterianos. O satélite descoberto por ele será a 80.ª lua catalogada de Júpiter.
Kai Ly reportou a descoberta na Minor Planet Mailing List - MPML em 30 de junho e a submeteu à publicação na circular da instituição, que é utilizada por muitos dos melhores astrônomos amadores do mundo, bem como astrônomos profissionais envolvidos na pesquisa de asteroides e cometas.
A descoberta da lua foi feita por Ly após uma análise atenta de imagens de um antigo telescópio. "Tenho orgulho de dizer que esta é a primeira lua planetária descoberta por um astrônomo amador!", disse Ly em um artigo que detalha a descoberta no site especializado Sky and Telescope, publicado na primeira quinzena de julho.
Ilustração de Júpiter com uma de suas luasFonte: PxHere
O grupo Carme é composto por pequenas rochas espaciais de formato estranho. Elas orbitam na direção oposta à rotação de Júpiter — um fenômeno chamado de retrógrado — viajando ao redor do planeta em uma inclinação extrema em relação ao seu plano orbital, de acordo com a NASA.
Carme é o maior satélite do grupo, com um raio médio de 23 quilômetros, e é a rocha-mãe do satélite descoberto pelo astrônomo amador.
Os astrônomos acreditam que Carme era um asteroide que foi capturado pela gravidade de Júpiter, e que seu grupo é formado pelos pedaços que se desprenderam dele após uma colisão cósmica.
Ly fez sua descoberta online, observando um conjunto de dados de 2003 que havia sido coletado por pesquisadores da Universidade do Havaí usando o telescópio de 3,6 metros Canadá-França-Havaí (CFHT). Ly analisou as imagens coletadas em fevereiro daquele ano, quando as luas estavam mais brilhantes — situação que causada por um fenômeno conhecido como oposição, quando o sol e um determinado planeta aparecem em partes opostas no céu da Terra.
Em fevereiro de 2003, nosso planeta estava situado no meio de uma linha entre o Sol e Júpiter, o que permitiu aos astrônomos da Terra verem claramente o sistema de Júpiter iluminado pela estrela. Foram essas as observações usadas por Ly.
Depois, o astrônomo amador buscou as observações de outro telescópio, chamado Subaru, para estabelecer o arco de 22 dias do objeto. Os dados mostraram que a candidata à lua descoberta por ele provavelmente estava mesmo ligada à gravidade de Júpiter. Essa linha de base permitiu que Ly encontrasse e confirmasse a existência da lua, comparando-a com outros conjuntos de informações.
No artigo da Space and Telescope, Ly descreveu a emocionante descoberta como "um hobby de verão antes de voltar para a escola". A rocha agora é atualmente designada como EJc0061 — e ainda não tem um nome formal. Quando isso acontecer, provavelmente terminará com a letra e, como Carme. Oficiais da NASA explicaram que o nome de Carme, terminado em "e", foi escolhido de acordo com a política da União Astronômica Internacional para designar luas externas com órbitas retrógradas.
E você, já pensou em descobrir uma lua? Os dados dos telescópios estão disponíveis online, você pode ser o próximo!
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