O Ministério da Saúde admitiu a ineficácia dos remédios que compõem o "kit covid" no combate ao coronavírus (SARS-Cov-2). A informação está em notas técnicas enviadas esta semana à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga supostas irregularidades nas ações do governo federal na pandemia.
Emitidos pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias do Sistema de Saúde (Conitec), os documentos chegaram à CPI da Covid em resposta à solicitação do senador Humberto Costa (PT-PE). O parlamentar havia requerido maiores detalhes sobre os protocolos utilizados pela pasta no tratamento para covid-19.
Nas notas, o órgão que assessora o Sistema Único de Saúde (SUS) afirma ter feito testes com os remédios e comenta sobre os resultados. "Alguns medicamentos foram testados e não mostraram benefícios clínicos na população de pacientes hospitalizados, não devendo ser utilizados", diz a Conitec.
Os remédios do "kit covid" não têm eficácia comprovada contra a doença.Fonte: Pixabay
São citados medicamentos como hidroxicloroquina (ou cloroquina), lopinavir/ritonavir, azitromicina, colchicina e plasma convalescente. O documento afirma ainda não haver evidências que justifiquem o uso da ivermectina e da associação casirivimabe + imdevimabe em pacientes hospitalizados.
Tratamento precoce
Os remédios inclusos no "kit covid", cuja ineficácia foi admitida pelo Ministério da Saúde, são os mesmos usados no tratamento precoce defendido pelo presidente Jair Bolsonaro. Mesmo com estudos comprovando que tais fórmulas não são eficazes para esse fim, diversos apoiadores do governo defendem a sua utilização.
Eles também eram indicados a quem recorria a tratamentos para a doença causada pelo novo coronavírus no aplicativo TrateCov, desenvolvido pelo órgão. A ferramenta não ficou muito tempo disponível, saindo do ar após o Ministério alegar que ela sofreu um ataque cibernético.
Além da compra de remédios sem eficácia para a covid-19, a CPI também investiga a existência de um gabinete paralelo influenciando as medidas tomadas pelo governo na pandemia. O atraso na compra de vacinas e o favorecimento a laboratórios são outros temas discutidos na Comissão.
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