Mesmo vendo imagens em alta definição do planeta Marte, remetidas pelo rover Perseverance desde fevereiro, algumas coisas ainda permanecem obscuras no planeta vermelho. Um desses mistérios é o motivo da existência de gás metano lá. Porém, antes dos cientistas se debruçarem sobre o problema, há mais um outro: por que alguns instrumentos "enxergam" o CH4 e outros não?
Aqui na Terra, quando queremos observar a produção de metano, basta ir a algum lugar que tenha gado. O gás é produto de micróbios que auxiliam diversos tipos de ruminantes a digerir as plantas. Chamado de metano entérico, cerca de 90% do gás produzido no sistema digestivo animal é expelido pela boca e pelas narinas, através da eructações.
Como não existe nenhum boi arrotando em Marte, a detecção de metano no planeta torna-se fascinante, pois isso significa que os micróbios que o produzem estiveram ou ainda estão vivendo lá. Naturalmente, isso não é uma certeza científica, pois processos geológicos, que envolvem interação de rochas, água e calor, também podem produzir o metano.
Tentando achar o metano em Marte para explicá-lo
Fonte: NASA/DivulgaçãoFonte: NASA
Antes que os cientistas consigam determinar a fonte desse metano misterioso, há outra pergunta a ser respondida: que metano? É que o rover Curiosity detectou a presença de metano várias vezes, acima da superfície da cratera Gale. Mas a sonda europeia ExoMars Trace Gas Orbiter não detectou nenhum traço do gás na atmosfera do planeta.
A precisão dos instrumentos utilizados está acima de qualquer suspeita. O espectrômetro de laser ajustável (TLS) do Curiosity é capaz de rastrear níveis microscópicos de oxigênio em trajes de astronautas. Já o ExoMars é considerado "padrão ouro" na medição tanto de metano como de qualquer tipo de gás no planeta.
Uma das teorias para a discrepância é que o TLS do Curiosity, que detecta o metano, só funciona à noite, quando a atmosfera do planeta está mais calma. Mas a detecção de gás do orbitador ExoMars só funciona com luz solar, cerca de cinco quilômetros acima da superfície, quando os níveis ínfimos de metano poderiam estar diluídos a níveis indetectáveis.
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