Uma nova espécie de humanos primitivos foi descoberta durante uma escavação no sítio arqueológico Nesher Ramla, em Israel. Pesquisadores da Universidade de Tel Aviv e da Universidade Hebraica de Jerusalém encontraram um fóssil datado de 120 a 140 mil anos, composto principalmente por fragmentos de crânio e mandíbula.
“[A descoberta de um novo tipo de Homo] é de grande importância científica. Ela nos permite dar um novo sentido aos fósseis humanos encontrados anteriormente, adicionar outra peça ao quebra-cabeça da evolução humana e compreender as migrações no velho mundo”, escreveu Israel Hershkovitz, líder do trabalho.
Fóssil de novo tipo de humano primitivo foi encontrado em escavações em IsraelFonte: BBC News/Reprodução
O espécime ainda não ganhou uma classificação exata pelos cientistas, mas acredita-se pertencer a um hominídeo ancestral de Neandertais da Europa e de populações arcaicas do leste da Ásia. O grupo sugeriu que o indivíduo estaria presente na evolução da maioria dos humanos modernos durante o Pleistoceno Médio (1 milhão a 120 mil anos atrás), com interações culturais entre as diferentes linhagens durante o período.
“Tudo começou em Israel. Sugerimos que um grupo local foi a população de origem. Durante os períodos interglaciais, ondas do povo Nesher Ramla, migraram do Oriente Médio para a Europa”, disse à BBC News a Dra. Hila May, participante do estudo. “Nesher Ramla é importante para confirmar que diferentes espécies coexistiam lado a lado na região naquela época”, adicionou Chris Stringer, professor do Museu de História Natural de Londres, mas não envolvido no trabalho.
A amostra identificada na cidade apresentou características similares com as outras espécies, ao passo em que também revelou uma estrutura craniana completamente distinta — como ausência de queixo e dentes maiores. Dessa forma, cientistas suspeitam que o tipo da criatura pode representar um “elo perdido” da população antiga que se acasalou com o Homo sapiens, grupo que teria chegado na região há cerca de 200 mil anos — conforme registros na caverna Misliya.
Fragmentos de mandíbula e crânio da nova espécieFonte: BBC News/Reprodução
“É a primeira vez que podemos conectar os diferentes espécimes. Existem vários fósseis humanos das cavernas de Qesem, Zuttiyeh e Tabun que datam dessa época que não poderíamos atribuir a nenhum grupo específico de humanos. Mas, comparando suas formas com as do recém-descoberto de Nesher Ramla, justificamos sua inclusão dentro do grupo [novo tipo de humano]”, disse a Dra. Rachel Sarig.
Tal constatação ganha ainda mais força devido à identificação de ferramentas no local com outros dados comportamentais e ambientais associados ao fóssil. Em uma escavação mais profunda, cerca de 8 metros abaixo da superfície, também foram encontradas grandes quantidades de ossos de animais e humanos, além de ferramentas feitas com pedras.
Uma das ferramentas feitas de pedra utilizadas pelo Homo de Nesher RamlaFonte: BBC News/Reprodução
No caso, o suporte arqueológico apontou que o Homo de Nesher Ramla dominava tecnologias até então atribuídas apenas aos Homo sapiens ou aos Neandertais. Isso determinou que o novo tipo de indivíduo descoberto era um caçador eficiente e usava lenha como combustível para cozinhar carnes e manter fogueiras.
“Foi uma surpresa que humanos arcaicos estivessem usando ferramentas normalmente associadas ao Homo sapiens, o que sugere interações entre os dois grupos. Achamos que só é possível aprender a fazer as ferramentas por meio do aprendizado visual ou oral. Nossas descobertas sugerem que a evolução humana está longe de ser simples e envolveu muitas movimentações, contatos e interações entre diferentes espécies de humanos”, explicou o Dr. Yossi Zaidner, da Universidade Hebraica de Jerusalém.
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