Cientistas do Large High Altitude Air Shower Observatory (LHAASO) anunciaram, na revista Nature, a detecção de raios gama com as maiores cargas de energia vistas até então. Enquanto mais de 530 deles apresentaram valores acima de 0,1 quatrilhão de elétron-volts, o mais potente tinha impressionantes 1,4 quatrilhão.
Na Terra, por exemplo, com experimentos no Grande Colisor de Hádrons (LHC), o máximo testemunhado por pesquisadores foi de alguns trilhões, e, de acordo com a equipe, a Via Láctea pode abrigar poderosos aceleradores de partículas cósmicas, dado que o grupo também descobriu a existência de 12 pontos prováveis de origem dessas manifestações.
Além disso, explica, para que raios gama atinjam tais características, campos eletromagnéticos devem acelerar prótons ou elétrons a velocidades imensas, e a interação com outras matérias pelo caminho que percorrem é que geram aquilo que se analisa daqui.
Observatório LHAASO possibilitou descoberta impressionante.Fonte: LHAASO
Apostas interestelares
Ainda não se sabe exatamente quais ambientes são capazes de criar coisas tão potentes, mas as novas observações apontam para duas possibilidades.
Segundo os especialistas, um dos locais de onde os raios gama sem precedentes podem ter vindo para cá é a Nebulosa do Caranguejo, formada por restos de uma supernova, primeiramente visualizada em 1731 e registrada inicialmente por astrônomos árabes e chineses em 1054. Ela se encontra na constelação do Touro, a cerca de 6,3 mil anos-luz da Terra.
Nebulosa do Caranguejo é um dos prováveis locais de origem.Fonte: Hubble Site
Já a outra fonte potencial é a Cygnus Cocoon, uma região a cerca de 4,6 mil anos-luz do Sol e em que estrelas massivas estão em formação, soprando ventos espaciais carregados de partículas no processo.
De todo modo, o LHAASO, localizado na montanha Haizi (na província chinesa de Sichuan) não está totalmente operacional, algo que deve ocorrer a partir do final deste ano. Então, o equipamento poderá revelar mais fatos inéditos a respeito dos mistérios do Universo.
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