A NASA revelou que a missão Super Soaker, um pequeno foguete suborbital lançado no Alasca, pode ajudar na compreensão de nuvens brilhantes na atmosfera terrestre. A constatação foi feita após um estudo financiado pela agência espacial compartilhar os resultados do projeto. No caso, o trabalho mostrou que o vapor de água na atmosfera superior pode baixar de modo rápido a temperatura e iniciar a formação desse tipo de nuvem.
O fenômeno foi identificado pela primeira vez no final dos anos 1800 e pode ser mais facilmente observado nas horas de crepúsculo — momento em que o Sol as ilumina além do horizonte contra um céu escuro. Porém, cientistas alertam que o vislumbre se tornou mais frequente nos últimos anos com o avanço da exploração espacial. Isso porque essas nuvens tendem a se formar em áreas de grande altitude, região em que há abundância de vapor de água logo após o lançamento de foguetes.
"O que atraiu muito interesse nessas nuvens é sua sensibilidade. Elas ocorrem no limite da viabilidade na alta atmosfera, onde é incrivelmente seco e frio. São também indicadores muito sensíveis de mudanças na temperatura e vapor de água", disse Richard Collins, físico espacial líder do estudo, em comunicado da NASA.
Luzes brilhantes no céu noturnoFonte: NASA/Reprodução
Dessa forma, criaram um experimento com o uso de equipamentos capazes de rastrear o movimento de vapor e semear água de modo artificial em uma nuvem mesosférica polar (PMC) — caracterizada por pequenas junções de cristais de gelo. Para validar a hipótese, a equipe realizou um teste em janeiro de 2018 no Alasca, mês em que o fenômeno não apresenta condições naturais para sua formação.
Após atingir uma altitude de cerca de 85 quilômetros, os pesquisadores ativaram o compartimento com o reservatório de água, liberando-a na atmosfera. Dezoito segundos depois, um radar detectou um fraco feixe da formação de uma PMC.
"Queríamos evitar a mistura de PMCs criadas artificialmente com a de ocorrência natural. Dessa forma, conseguimos ter a certeza de que qualquer PMC observada foi gerada pelo experimento Super Soaker", comentou Irfan Azeem, membro da missão.
Teste de lançamento do compartimento para criar uma nuvem artificialFonte: NASA/Reprodução
A equipe levou os dados para alimentar uma simulação da produção de uma PMC. "Não temos medições diretas de temperatura da nuvem, mas podemos inferir essa mudança de temperatura com base no que pensamos ser necessário para sua formação", apontou Collins.
O modelo mostrou uma queda significativa da temperatura local, cerca de 25 graus Celsius. "Essa é a primeira vez que alguém demonstra, através de experimentos, que a formação de PMC na mesosfera está diretamente ligada ao resfriamento do próprio vapor de água", destacou Azeem.
Como o vapor de água é um subproduto de satélites e foguetes, os pesquisadores alertam para a necessidade de monitoramento do tráfego espacial. Nesse contexto, eles também insistem que as PMCs devem ser modeladas, a fim de obter uma compreensão de fatores humanos e artificiais em processo de formações na atmosfera.
Curiosamente, o nome Super Soaker foi baseado em uma invenção de um engenheiro da NASA, que testou um tipo de refrigeração que usa água em vez de substâncias químicas, o qual mais tarde inspirou a criação de um brinquedo.
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