Queda do foguete chinês reacende debate sobre lixo espacial

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Imagem: Fonte: Universidade de Miami/Reprodução.

Na madrugada de domingo, 9 de maio, destroços do foguete chinês Long March 5B que levaram à órbita terrestre um módulo da nova estação espacial da China caíram no Oceano Índico, próximo às Ilhas Maldivas. A reentrada dos detritos na Terra reacendeu a discussão a respeito do lixo espacial proveniente da exploração do universo realizada por diferentes nações e, mais recentemente, por empresas privadas como a SpaceX, do bilionário Elon Musk.

Entenda a rixa espacial da vez

Especialistas militares dos Estados Unidos observaram a reentrada do foguete chinês com grande preocupação e alertaram que era difícil prever onde e quando os destroços voltariam ao planeta – além de quanto material poderia atingir o solo, uma vez que o foguete, quando lançado, pesava 185 toneladas. O cálculo de retorno dava conta de que cerca de 20 toneladas de lixo espacial poderia voltar à Terra e poderia até mesmo atingir algum avião durante a queda.

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Wang Wenbin, por sua vez, agiu com calma, afirmando que a probabilidade de o retorno do foguete causar danos às atividades da aviação ou em pessoas e atividades no solo era extremamente baixa.

Foguete Long March 5B que levou parte da nova estação espacial chinesa à órbita terrestre.Foguete Long March 5B que levou parte da nova estação espacial chinesa à órbita terrestre.Fonte:  CMSEO/Gao Jian 

Antes da queda, Song Zhongping, especialista chinês em assuntos aeroespaciais, disse ao jornal estatal chinês Global Times que o retorno à Terra de restos de foguetes é completamente normal – sejam eles de qualquer nação ou empresa. Song afirmou que a rede de monitoramento espacial da China também manteria vigilância sobre as áreas cobertas pelo curso de voo do foguete e tomaria as medidas necessárias caso ocorresse algum dano aos navios que utilizassem a rota.

Para Song, a fala dos militares do Pentágono era mais um velho truque ocidental usado por potências hostis sempre que observam avanços tecnológicos na China. "Enquanto a China permanecer aberta e transparente para a sociedade internacional, esses rumores serão naturalmente feitos em pedaços", afirmou o especialista.

Lixo espacial e sustentabilidade

A questão mais ampla levantada no debate sobre lixo proveniente da exploração espacial é a respeito do espaço estar se tornando alvo não apenas de programas espaciais nacionais, mas também do setor privado. De acordo com um tratado internacional, os atores espaciais privados – que devem colocar em torno de 45.000 satélites na órbita baixa da Terra nos próximos anos – estão sob responsabilidade legal de seus países anfitriões.

Atualmente cerca de 9.300 toneladas de lixo espacial está em órbita e as possíveis colisões são uma questão preocupante. Em abril, controladores da SpaceX na Califórnia alertaram astronautas em órbita para colocarem seus trajes espaciais e voltarem a seus assentos. O aviso ocorreu porque um pedaço de detrito espacial poderia atingir sua nave. Antes, um pedaço de tinta do tamanho de uma unha atingiu o para-brisa de um ônibus espacial, perfurando duas de suas três camadas de vidro.

Ilustração de detritos espaciais na órbita da Terra.Ilustração de detritos espaciais na órbita da Terra.Fonte:  Pixabay 

“Os detritos espaciais são conhecidos há algum tempo, mas agora temos mais competição no espaço. Não há apenas duas nações com viagens espaciais – os chineses são muito importantes, assim como a Agência Espacial Européia, entre outros. Quando você tem mais atores e mais peças, fica mais complicado”, disse ao The Guardian Joanne Gabrynowicz, professora do Centro Nacional de Sensoriamento Remoto, Direito Aéreo e Espacial do Mississippi Law Center, nos Estados Unidos.

Especialistas já expressam sua preocupação com o risco de colisões no espaço desde 2009, quando dois satélites – o Iridium 33 e o abandonado satélite militar russo Kosmos-2251 – colidiram acidentalmente sobre a Sibéria, quebrando ambos em milhares de pedaços.

A Agência Espacial Europeia organizou uma grande conferência sobre o assunto no mês passado. De acordo com a agência, cerca de 6.900 dos 11.370 satélites colocados na órbita da Terra ainda estão circulando, com aproximadamente 4.000 deles em funcionamento.

O número de entulhos regularmente rastreados pela Rede de Vigilância Espacial, no entanto, é de 28.160. Esses objetos são responsáveis por mais de 560 rupturas, explosões, colisões e eventos anômalos que resultam em fragmentação na órbita terrestre. É uma questão global.

A dupla de satélites ELSA-d, da britânica Astroscale, antes de seu lançamento.A dupla de satélites ELSA-d, da britânica Astroscale, antes de seu lançamento.Fonte:  Astroscale/Divulgação 

Empresas como a britânica Astroscale estão se preparando para enfrentar o problema de detritos com serviços comerciais de coleta de lixo espacial. A companhia está com um veículo chamado “ELSA-d” na órbita inferior da Terra, buscando mostrar que a limpeza de detritos espaciais é possível, embora seja uma tarefa terrivelmente difícil.


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