Pesquisadores da Universidade de Oslo (Noruega) explicaram os fatores que alimentam as erupções de vulcões de lama, em especial o de Lokbatan — um dos mais ativos da Terra localizado no Azerbaijão. Apesar de esse tipo de estrutura geológica não expelir lava — mas sim uma mistura de rocha, vapor de água e gases —, o fenômeno é altamente explosivo e forma a característica massa de sujeira argilosa.
No caso, sua ocorrência é observada aproximadamente a cada 5 anos e gera um grande impacto na região. A atividade se manifesta na forma de grandes e impressionantes chamas e fumaças, que atingem mais de 100 metros de altura e se espalham por mais de 1,5 quilômetros. Isso porque em sua proximidade existem grandes depósitos de petróleo e metano, altamente inflamáveis e que fornecem condições para as explosões.
O impacto é ainda maior ao constatar que o país abriga a maior quantidade de vulcões de lama do planeta, que variam de acordo com suas configurações geológicas, frequência de erupção e processos de transporte de materiais e partículas. Para estudar as manifestações, a equipe liderada pelo vulcanologista Adriano Mazzini instalou um conjunto de 30 monitores em seu entorno, com o propósito de observar a vazão de metano e dióxido de carbono.
Erupção do vulcão de lama de Lokbatan, em 2001Fonte: Volcano Discovery/Reprodução
Eles constataram que o Lokbatan deve apresentar taxas de acúmulo de gases, internamente, muito acima da média de outros vulcões, o que faz com que suas erupções sejam mais concentradas e violentas. Após esse processo, a massa sólida e líquida liberada se volta para a abertura do vulcão que o sela novamente, tornando o próximo evento ainda mais intenso.
Dessa forma, eles destacaram que a quantidade de elementos presentes pela erupção rompe a borda da cratera e gera um grande bloco. “[A lama] entra em colapso e se compacta, formando um tampão”, escreveu Mazzini. Assim, registraram 3 pedaços de sedimentos resultados da solidificação de liberações mais antigas na área. Em seguida, criaram a hipótese de que esses maciços podem ser transportados para outras regiões no município.
A primeira erupção do Lokbatan ocorreu em 1829 e com o uso de simulações e registros históricos, o time mostrou que a primeira camada consolidada pode ter sido resultado do evento de 1887.
Para especialistas no assunto, entender a dinâmica de vulcões de lama pode trazer pistas sobre a formação de estruturas geológicas similares em outros planetas, como Marte. Segundo Shirin Haque, astrobióloga da Universidade das Índias Ocidentais, a paisagem atual do Planeta Vermelho pode ter sido formada pela ação e presença de vários vulcões de lama no passado, os quais deixaram marcas de seus fluxos na superfície.
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