O Facebook coloca um limite de cinco mil, embora exista quem diga que os verdadeiros amigos de alguém se contam nos dedos de uma mão. Mas afinal, quantas amizades um ser humano pode manter? Mais de 150, segundo um estudo realizado na Suécia e publicado em 4 de maio, na revista Biology Letters. Os pesquisadores refutam a afirmação de que um ser humano não pode ter mais de 150 amigos. O número havia sido sugerido pelo antropólogo Robin Dunbar no início da década de 90.
Para chegar ao número máximo de 150 amigos, Dunbar se baseou em observações da socialização de grupos de primatas e no tamanho do neocórtex humano. Já a equipe sueca argumenta que o número de Dunbar – que na verdade é um conjunto de números que definem diferentes círculos de intimidade e seus tamanhos, com o número 150 para amigos casuais – não é uma forma razoável de entender a sociabilidade humana.
Decodificando a amizade
Os pesquisadores do novo estudo conduziram as mesmas análises feitas por Dunbar, mas com novos métodos e dados atualizados. Eles descobriram que o tamanho médio de um grupo de primatas era, na verdade, menor do que 150 indivíduos – mas o número máximo fica entre dois e 520.
Dunbar chegou a seus números de interação social observando primatas.Fonte: Pixabay
Segundo Patrik Lindenfors, ecologista zoológico do Instituto de Estudos Futuros de Estocolmo e participante da pesquisa, em entrevista ao site Gizmodo, o principal ponto do novo estudo é o fato de que o intervalo de confiança (estimativa populacional) de 95% encontrado pela sua equipe é muito grande para permitir afirmar qualquer número, como fez Dunbar no passado.
Os outros grupos medidos por Dunbar há 30 anos foram: 1.500 pessoas das quais é possível recordar o nome; 500 como o máximo de conhecidos que alguém pode ter; 150 relacionamentos estáveis – um conceito nebuloso, mas que significa basicamente pessoas com quem você tem contato social regular; 50 amigos; um máximo de 15 amigos próximos e uma elite de cinco melhores amigos e/ou pessoas amadas.
Para Dunbar, teríamos no máximo 15 amigos próximos.Fonte: Pixabay
Dunbar disse, à época, que havia fluidez entre os grupos. Para ele, as contagens poderiam variar ligeiramente e as pessoas poderiam entrar e sair dessas esferas. A média de amigos casuais de 150 proposta por ele também era variável, ficando entre 100 e 200 pessoas.
Mas Lindenfors lembra que há mais do que apenas biologia por trás de nossas capacidades sociais. Não há uma sentença por sermos humanos ou pelo tamanho de nosso neocórtex: “As pessoas aprendem todo tipo de coisa. Por que não poderíamos usar essas habilidades em nossos relacionamentos sociais?”, diz.
Amizade na pós-modernidade
A pesquisa de Dunbar foi feita antes das redes sociais existirem e da própria internet ser popularizada. Com o avanço da tecnologia, muito mudou na maneira como a sociedade interage e o panorama atual é outro. Para Johan Lind, vice-diretor do Centro de Evolução Cultural da Universidade de Estocolmo e coautor do estudo, a cultura afeta tudo: "desde o tamanho das redes sociais até nossos hábitos, como gostar de jogar xadrez ou fazer trilha', diz em um comunicado da universidade.
"Assim como alguém pode decorar o número Pi até várias casas decimais, nosso cérebro pode ser treinado para ter mais contatos sociais", enfatiza Lind. Então, assim como Roberto Carlos, você pode querer ter um milhão de amigos – e bem mais forte poder cantar.
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