Na busca por encontrar outros tipos de civilização fora do planeta, há astrônomos enviando sinais de rádio para avisar que estamos aqui — "alô, universo, existe vida inteligente na Terra". O problema, segundo Andrew Siemion, o diretor do Search for Extraterrestrial Intelligence (SETI), instituto californiano que busca por inteligência extraterrestre, é que esses sinais podem atrair extraterrestres de má índole.
Evolução x moral
“Não temos razão para acreditar que o avanço tecnológico e o altruísmo ou moralidade estejam de alguma forma ligados”, afirmou Siemion durante entrevista publicada no site Inverse. Segundo ele, provavelmente existem civilizações malévolas em outras partes do universo, algo que deve ser considerado enquanto o exploramos, no caso de não querermos lidar com os possíveis danos desse contato imediato.
E se encontrarmos civilizações potencialmente perigosas?Fonte: Pixabay
Fazendo coro a Siemion, temos o especialista em teoria das cordas Michio Kaku. Em entrevista recente ao jornal britânico The Guardian, Kaku classificou a ideia de fazer contato com civilizações extraterrestres como “terrível”. Na entrevista, o teórico citou o lançamento do telescópio James Webb Space Telescope (JWST), programado para o dia 31 de outubro deste ano, indicando que estamos mesmo dispostos a encontrar vida inteligente fora da Terra.
O telescópio James Webb
O telescópio JWST foi criado pela NASA na busca para captar radiação infravermelha no espaço. O equipamento, possível substituto de nova geração do telescópio Hubble, está sendo desenvolvido desde 2016. Foram investidos nada menos do que 10 bilhões de dólares no projeto. Embora a função principal do telescópio, segundo a agência, seja estudar a evolução das galáxias e ver a produção de elementos pelas estrelas e os processos de formação das estrelas e planetas, ele também pode encontrar outras civilizações, pois vai ficar mais longe da Terra, além da órbita da Lua – e é aí que pode morar o perigo.
Telescópio James Webb, com lançamento previsto para este ano. Crédito: NASA / Chris GunnFonte: NASA
O telescópio JWST irá observar exoplanetas de uma forma como os astrônomos nunca observaram antes: com comprimentos de onda infravermelha. Isso deve permitir observações bem mais detalhadas de possíveis mundos alienígenas. Kaku acredita que esse tipo de exploração aumenta muito as chances de fazer contato com alguma civilização extraterrestre. “Alguns colegas meus acreditam que devemos encontrá-los. Eu acho que é uma ideia terrível”, disse o teórico.
"E.T, telefone, minha casa"
Foi o astrônomo Frank Drake, na década de 1960, quem começou a procurar uma maneira de fazer contato com civilizações do espaço, ao procurar sinais alienígenas além do Sistema Solar. Para isso, Drake observou as estrelas Tau Ceti e Epsilon Eridani – que são parecidas com o nosso Sol – por meio de um radiotelescópio. A observação durou 4 meses e foi realizada no Observatório Nacional de Radioastronomia de Green Bank, na Virgínia, Estados Unidos.
A busca de aproximadamente 150 horas, no entanto, não foi bem-sucedida. Mas foi essa exploração inicial que levou à fundação do SETI, citado no início desta reportagem. A instituição sem fins lucrativos busca transmissões vindas de outros planetas.
Projeto colaborativo
O projeto Breakthrough Listen, do SETI, é liderado por Andrew Siemion e começou em 2012. Nele, pessoas de todo o mundo podem ajudar na busca por contatos alienígenas utilizando programas instalados em seus computadores e analisando os sinais captados pelos telescópios do projeto.
Siemion explicou o método: “A busca por inteligência extraterrestre usa quase exclusivamente o que chamamos de metodologias de sensoriamento remoto. Basicamente, usamos grandes telescópios para tentar detectar um tipo específico de radiação eletromagnética que sabemos surgir apenas com a tecnologia”, afirmou. Então, se os alienígenas tiverem tecnologia ao menos parecida com a nossa, esses telescópios são capazes de captar.
Atenção, Terra chamando
Enquanto alguns pesquisadores preferem essa busca passiva, há quem prefira avisar que já estamos aqui. O astrobiologista Douglas Vakoch, presidente do Messaging Extraterrestrial Intelligence (METI), um instituto que busca comunicação com extraterrestres, aposta no processo ativo para avisar os alienígenas sobre a nossa presença. A organização enviou sua primeira transmissão de rádio em 2017 e agora está construindo um transmissor a laser para alcançar maiores distâncias, codificando mensagens em largura de banda estreita, o que facilitaria o contato. E é esse tipo de mensagem ativa que vem preocupando os especialistas no assunto. Afinal, quem será que vamos encontrar?
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